Mobilizados em uma operação-padrão desde o dia 6 de dezembro – com vários atos de protesto, inclusive o enterro simbólico do Pacto pela Vida nesta terça – os policiais e bombeiros militares não terão atendida pelo governo uma de suas principais reivindicações, o pagamento dos salários por meio de subsídio – que incorpora gratificações. A informação é do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Carlos D’Albuquerque.
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“Ainda estamos consolidando os números, estudando até onde o Estado tem saúde financeira para chegar. Mas já está definido que vamos trabalhar com soldão”, afirma o coronel. “O subsídio é nocivo, traz prejuízos ao longo da carreira e representaria a não inclusão da isonomia, da paridade. O ganho real ficaria mais baixo”. Projeto de lei com os reajustes propostos pelo governo pra os policiais e bombeiros militares serão apresentados na Assembleia Legislativa no início de fevereiro.
A Associação de Cabos e Soldados (ACS) protesta. “Não vamos aceitar isso. Se não nos der o subsídio, o governo vai criar mais uma crise e vamos deliberar em pleno Carnaval”, ameaça o presidente da entidade, Albérisson Carlos. “O subsídio não é faculdade do governo. Há uma determinação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tendo o governo recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF)”. O comandante diz que a decisão judicial será cumprida, quando se der.
O sindicalista acusa os comandos de atuarem em causa própria. “Eles querem preservar a remuneração dos coronéis mais antigos, que recebem acima do teto e teriam essa parcela a mais reajustada apenas pela inflação anual. Tá explicado porque não queriam as associações na mesa de negociações”, avalia. A categoria defende que o subsídio é melhor por garantir que o valor das gratificações não sejam alterados e por transmiti-las automaticamente para inativos e pensionistas.
ENTERRO
Nesta terça, policiais e bombeiros fizeram um cortejo e enterro simbólico do Pacto pela Vida (que previa redução de 12% no índice de assassinatos) e do Programa de Jornada Extra (Pjes), na Praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Setecentas cruzes foram fincadas ao solo, representando os 4.458 homicídios de 2016 (até o dia 30 de dezembro).
“O Pacto falhou porque prometeu um programa de valorização profissional para o policial e não cumpriu”, avalia o presidente da ACS, Albérisson Carlos. “É essa ausência de investimentos que faz o Estado ter hoje um índice de mortes que é maior do que em muitas guerras civis”.
Durante o evento, o sindicalista defendeu que “a sociedade precisa mudar o conceito de direitos humanos para bandido”. E gritou: “Bandido bom é bandido morto”. O deputado Joel da Harpa lembrou que nas estatísticas também constam bandido mortos. “E bandido que troca tiros com a polícia tem mais é que morrer mesmo”, disse.