As investidas de ladrões contra prédios públicos estão cada vez mais comuns. Com segurança frágil e sem apoio da tecnologia, alguns espaços se tornam presas fáceis para bandidos. E quando se trata de locais ermos e sem iluminação adequada, só o acesso já é um grande problema para trabalhadores e frequentadores. É o que acontece no tradicional Centro de Educação Musical de Olinda (Cemo), na Avenida Pan-Nordestina, em Salgadinho, onde alunas e professores denunciam três invasões só este mês, além de um assalto a duas estudantes no ponto de ônibus, anteontem. A um quilômetro dali, no Espaço Ciência, que fica no Complexo de Salgadinho, há reclamações de três investidas internas e assaltos constantes do lado de fora.
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Os profissionais e alunas do Cemo, que é vinculado à Secretaria de Educação, Esportes e Juventude de Olinda, relatam casos de roubos de instrumentos e a pessoas, furtos e arrombamentos no prédio principal (com 34 anos de existência e tombado) e no anexo. “Semana passada, uma professora chegou às 8h e encontrou um homem na cozinha roubando um ventilador, ele ainda pediu um saco para botar manga”, relata, indignado, o professor Kelsen Gomes, 29 anos, há seis anos ensinando piano no centro.
Já o professor Luiz Neto, 38, há 12 anos no local, conta que chegou ao trabalho depois da Semana Santa e encontrou a grade que protegia sua sala de aula arrombada. “A grade foi retorcida e levaram o contrabaixo elétrico. É um instrumento pesado, cerca de 18 quilos, um só não carrega. Consertamos um antigo, mas fiquei três semanas sem sala e perdi dois alunos nesse tempo, não quis arriscar ficar sem outro instrumento, ele custa cerca de R$ 1,3 mil então não voltei para a sala antiga.”
Com dez anos de escola, Fernando Torres, 44, diz que a situação é insustentável. “Este centro já chegou a 1,6 mil alunos, hoje só tem 300 e com certeza a insegurança é um dos motivos da evasão. Não há policiamento e só um guarda, desarmado, toma conta do prédio. Ele não é super-homem. Meu medo é que aconteça algo mais grave.”
A aluna Amanda Lins, 19 anos, conta que estuda há dois anos e meio no Cemo e sempre houve casos de roubos e furtos. “Mas está piorando muito. A insegurança é total tanto dentro quanto fora. A gente tem medo até de pegar ônibus, não dá para ficar sozinha na parada, ouvimos constantemente notícias de assaltos”, diz.
MUSEU
Frequentadores do Espaço Ciência – museu interativo vinculado à Secretaria de Ciências, Tecnologia e Inovação – têm as mesmas reclamações. Situado dentro do Parque Memorial Arcoverde, numa área de 120 mil metros quadrados, é protegido por apenas quatro policiais da guarda patrimonial. Para entrar no local andando se percorre um longo caminho ao lado de matagais. No entorno, terrenos sem uso aumentam o risco para pedestres.
“Na semana passada, deram o bote no celular de uma criança, aqui dentro. Eram dois homens. Um policial que passava na rua acabou prendendo um deles. A gente só anda em grupo, são muitos assaltos do lado de fora”, conta Karynne Matos, 37, aluna do Programa Jardim da Ciência, que forma jardineiros. Um funcionário, que preferiu não se identificar, relatou o caso de um carro arrombado no estacionamento do museu e dois furtos: um na parte interna do prédio e o outro fora.