Um olhar para os mais necessitados. Foi com essa filosofia que, há exatos 50 anos, o grupo Diaconia, ligado a instituições protestantes, nasceu e abraçou três Estados do Nordeste brasileiro, entre eles Pernambuco. A organização atua no Grande Recife, onde está a sede nacional, e no Sertão do Pajeú, facilitando a convivência entre os sertanejos e o Semiárido com a construção de cisternas e uso de tecnologias sustentáveis. Para comemorar a data e oferecer dignidade a um número ainda maior de pernambucanos, uma sede regional será construída em Afogados da Ingazeira, onde a associação atua há mais de 30 anos.
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O terreno foi doado na última segunda-feira pela prefeitura do município. “É um lugar simbólico para nós, porque ali foram desenvolvidos trabalhos de pesquisa que impactaram a vida de muitos sertanejos”, comemora a coordenadora político-pedagógica do projeto, Waneska Bonfim. Para ela, a Diaconia tem dois focos fundamentais no Sertão: promover a segurança alimentar, nutricional e hídrica da população e cuidar do meio ambiente.
Desde 2002, mais de 12 mil cisternas foram construídas no Estado, entre vários projetos desenvolvidos. Os equipamentos ajudam na captação de água para consumo e produção de alimentos e no fornecimento de energia, através de biodigestores. Além de desenvolver estudos e entregar novas tecnologias, a Diaconia ensina os sertanejos técnicas de cultivo, para que produzam alimentos melhores e livres de agrotóxicos. O trabalho é realizado a partir de cooperação internacional e de verbas dos governos federal e estadual, além de doações de pessoas físicas.
A organização também tem cunho socioeducativo. No Grande Recife e em Gravatá, no Agreste, o projeto Protegendo a Meninada já beneficiou cerca de 200 crianças e adolescentes nos últimos dois anos. A iniciativa oferece oficinas sobre meio ambiente, arte e cultura. No Recife, os jovens atendidos são moradores da comunidade do Cardoso, na Madalena, do bairro da Iputinga, ambos na Zona Oeste, e da Vila Santa Luzia, na Torre, Zona Norte. A Diaconia atua também no Ceará e no Rio Grande do Norte.
ÁFRICA
Uma das tecnologias estudadas e implementadas no Sertão para ajudar na produção de alimentos, a cisterna-calçadão foi exportada para Angola, na África. Trata-se de uma “calçada” que capta água da chuva e escoa até um reservatório.
Durante um intercâmbio de 45 dias, fruto da parceria entre Diaconia e a Ajuda da Igreja Norueguesa (AIN), foram construídas quatro cisternas com capacidade para 52 mil litros de água nas províncias de Huíla e Cunene. São os primeiros equipamentos do tipo em todo o continente africano.
O biodigestor desenvolvido em terras sertanejas, que transforma dejetos de animais em gás de cozinha, também deve chegar ao país em 2018. O equipamento já está presente em mais de 600 propriedades rurais do Brasil.
“Além de implementar tecnologias, queremos aprender, valorizar a cultura local e debater estratégias para que as pessoas manejem o ambiente em que vivem, tendo consciência de como as mudanças do clima afetam sua vida”, destacou o assessor político-pedagógico da Diaconia, Afonso Cavalcanti, participante do intercâmbio.
Para ajudar a associação, basta acessar www.diaconia.org.br e realizar uma doação.