Geciane Timóteo da Silva tem 33 anos e mora com a família numa invasão. Mora num barraco de tábuas às margens da ferrovia, no bairro de São José, área central do Recife. Estudo, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela uma triste constatação: Geciane vive na metrópole com o maior Índice de Vulnerabilidade Social do País. Entre dez regiões metropolitanas brasileiras analisadas, a do Recife, com quase quatro milhões de habitantes, foi a que teve o pior resultado. Apresentou um crescimento de 16,3% na condição de vulnerabilidade, no período entre 2011 e 2015. A RMR ficou muito à frente das outras três regiões metropolitanas que também apresentaram aumento no indicador: Fortaleza (3,9%), São Paulo (2,4%) e Porto Alegre (0,4%). Os componentes infraestrutura urbana e renda e trabalho foram os maiores responsáveis pelo mau desempenho do Grande Recife.
Leia Também
O resultado interrompe uma tendência positiva que a RMR vinha apresentando no quadro de avanços sociais. Em 2015, última vez que o Ipea divulgou o Índice de Vulnerabilidade Social, a Região Metropolitana do Recife havia apresentado uma redução de 24%, referente ao período entre os anos 2000 e 2010. Na época, todos os indicadores sociais analisados apresentaram uma melhoria no desempenho. Justamente o contrário da atual fotografia. Para compor o Índice de Vulnerabilidade, os pesquisadores consideraram 16 indicadores, agrupados em três campos: infraestrutura urbana, capital humano e renda e trabalho. Neste último ponto, todos os indicadores analisados na RMR tiveram piora no resultado.
Ela ressalta que, em relação à renda, os piores resultados da RMR ocorreram entre os anos de 2014 e 2015. “Nesse período, houve aumento de 46% da taxa de desocupação entre a população com 18 anos ou mais”, diz Bárbara, lembrando que também houve retrocesso em questões que medem, por exemplo, domicílios dependentes da renda do idoso e a participação de pessoas com idade entre 10 e 14 anos na atividade econômica.
PIOR DESEMPENHO
Das 10 regiões analisadas pelo Ipea, apenas a Região Metropolitana do Recife encontra-se classificada como de média vulnerabilidade social. Todas as demais estão enquadradas como de baixa vulnerabilidade e de muito baixa vulnerabilidade (caso da Região Metropolitana de Curitiba).
O Atlas faz a análise de indicadores sociais, usando como base duas pesquisas nacionais: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e o Censo Demográfico (IBGE). O estudo permite observar a evolução dos indicadores das localidades brasileiras e identificar as situações de exclusão social, com vários recortes territoriais: por regiões metropolitanas, macrorregiões, Estados e municípios.