Trinta e oito dos mais de 400 comerciantes que aguardam a conclusão das obras do Cais de Santa Rita, no Centro do Recife, há três anos e meio, fazem contagem regressiva. Eles serão os desbravadores do novo espaço, que terá a primeira etapa inaugurada em setembro, com uma das três praças de alimentação previstas para o local. E para explorar o negócio de forma mais profissional, passaram por cursos de segurança alimentar, marketing de vendas, marketing pessoal e gestão financeira.
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Foram 16 horas/aula, onde receberam noções de cuidados de higiene na manipulação de alimentos; de como tratar o cliente; de cálculo de preços e controle de estoque, entre outras questões. As aulas aconteceram, gratuitamente, no Centro Universitário Joaquim Nabuco, na Avenida Guararapes, Centro, por meio de parceria com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc).
“Eu já fiz esse curso antes, mas é bom refrescar a memória, abrir a cabeça. Se pudesse, estudava todo dia”, afirmou a comerciante Severina Maria de Souza, de 63 anos (conhecida como dona Lúcia), durante a última aula, na quarta-feira passada. Há 32 anos fornecendo almoço no Cais, ela é uma das que resistiu à espera trabalhando em condições de improviso e degradação do ambiente, durante todo o tempo da obra. “Agora são só dias”, comemorou.
O curso teve presença maciça dos comerciantes do primeiro módulo. “É bom que a gente vai se aperfeiçoando mais, no atendimento, na limpeza. Foi muito tempo de espera, mas acho que agora chegou a hora”, declarou Jorge Roberto dos Santos, 53, há dez no Cais. “Eu vendo alimentos, mas nesse tempo de obra fiquei trabalhando no estacionamento”.
“Queremos que não apenas o espaço seja novo, mas que os comerciantes também tenham uma melhor qualidade no atendimento e no gerenciamento de seu negócio”, esclareceu a gerente de Planejamento da Semoc, Simone Murua, explicando que o curso foi modelado com base nas necessidades apresentadas pelo grupo. “Temos uma atuação de responsabilidade social grande e muito voltada para o empreendedorismo, então estamos muito felizes em participar desse projeto do Cais”, observou o vice-reitor da faculdade, Leonardo Estevam.
OUTRAS ETAPAS
Conforme Simone, os outros comerciantes que vão trabalhar no Cais também passarão pela capacitação, quando a data de inauguração dos próximos módulos for definida. E novos cursos deverão ser pensados para todos, periodicamente. Nas outras duas etapas, serão 390 bancas e boxes de roupas, feira de frutas e verduras, fiteiros, estivas e alimentos como grãos, charque e frios em geral. Paralelamente, também deve ser inaugurado o anexo do Mercado de São José, que vai abrigar 110 comerciantes de ervas medicinais no entorno do mercado.
Para os que aguardam a sua vez, a inauguração do primeiro módulo se transforma em esperança. “Agora eu estou botando fé que sai. Vai ser muito melhor para a gente, tudo organizado, isso aqui estava uma favela. Já esperamos muito, vamos esperar mais um pouco”, falou Adeilton Sebastião da Silva, 58, que atua há 25 anos com fiteiro no local.
O secretário de Mobilidade, João Braga, afirma que embora as obras do segundo módulo estejam adiantadas ainda faltam adquirir as bancas. “A obra ainda deve prosseguir até o primeiro semestre do ano que vem. E representa uma grande mudança para aquela região. Devemos ter uma participação mais ativa da Polícia Militar na segurança e também da guarda municipal”, informou.