A placa fixada ao lado do patrimônio informa: “Esta é a bica de Olinda que possui maior vazão de água”. Os dizeres, referentes à Bica de São Pedro, localizada no Varadouro, soam irônicos. Isso porque, há mais de uma década, não jorra sequer uma gota d’água da estrutura, datada do século 16. Assim como as outras duas bicas seculares que ajudam a contar a história do município, ela reflete abandono. Anunciadas em abril, as obras de restauração deveriam ter começado em setembro. As intervenções nas três construções, situadas no Sítio Histórico, só devem ser realizadas agora em 2018.
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“Quem vive no entorno sofre com os problemas de abastecimento da Compesa e é obrigado a usar a água da bica. A gente ferve e usa para tomar banho”, conta o garçom Jonathan da Silva, 23 anos. Morador do Bonsucesso, ele já ouviu promessas de que a Bica do Rosário, localizada próxima à sede do Homem da Meia Noite, seria revitalizada. “Não acredito mais. Todo esse tempo e o que temos é uma bica suja, com água poluída. Quem cuida somos nós, porque precisamos.”
A Bica dos Quatro Cantos, construída no Amparo em 1602, virou banheiro público. Urina e fezes se misturam ao lixo deixado no entorno da construção. Assim como a Bica do Rosário, ela também tem água imprópria para o consumo. “É absurdo como isso acontece tão próximo ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e nada é feito”, critica o restaurador André Menezes.
Sete empresas participaram do processo licitatório. Dessas, cinco foram desabilitadas para a execução das obras, que compreendem restauração das pedras, revestimento do piso, pintura, recuperação das placas indicativas, da parte hidráulica e colocação de dosadores de cloro, para tratar a água. A vencedora será anunciada nesta quinta-feira (28).
“Vamos nos reunir com a empresa vencedora e definir se as obras iniciarão antes ou depois do Carnaval. É uma intervenção rápida, que deve durar 30 dias”, afirmou o secretário de Patrimônio e Cultura de Olinda, Gilberto Sobral.
A demora para tirar o projeto do papel se deu após atraso no repasse das verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas. A intervenção deve custar cerca de R$ 280 mil. As verbas são federais.
PROJETO
O projeto é assinado pela arquiteta e urbanista Vânia Avelar. Apesar da demora, ela acredita que há razões para comemorar. “As bicas têm uma importância histórica muito grande. Através delas, a cidade começou a ser construída. Além disso, têm uma função social que não pode ser ignorada.”
Após a reforma, a Guarda Municipal deverá reforçar a segurança no entorno das bicas, para evitar atos de vandalismo.