Pelas ruas do Sítio Histórico de Olinda, no Grande Recife, o medo caminha lado a lado com moradores e turistas. Assaltos e arrombamentos à luz do dia já se tornaram rotina. A insegurança na região, uma velha conhecida de quem mora na Cidade Patrimônio, ganhou novamente os noticiários após a morte violenta de uma mulher de 74 anos dentro da própria casa, na última terça-feira.
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A professora Ana de Fátima Ferreira, 57, foi criada na Rua Treze de Maio, onde o crime aconteceu. “Antigamente, a gente podia sentar nas calçadas para conversar. Agora, é impossível. Todo mundo fica trancado dentro de casa e, mesmo assim, a gente não se sente seguro. A casa do meu irmão, aqui do lado, já foi invadida mais de uma vez”, conta. A moradora da Cidade Alta chegou a ter problemas com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), porque teve que gradear a residência, temendo invasões.
Segundo ela, na área também é comum presenciar investidas contra pessoas que visitam a cidade. “Uma vez, durante um assalto, chegaram a quebrar o braço de um turista”, conta. “Isso causa uma péssima impressão para que vem de fora”, lamenta.
A arquiteta e artista plástica Maria Alice Soares dos Anjos morreu após ser atingida por um vaso de plantas no quintal de casa. A vítima era uma das fundadoras do tradicional bloco carnavalesco “Eu Acho é Pouco”. Para a polícia, a linha de investigação mais provável é a de latrocínio. “Não havia sinais de arrombamento. A vítima estava no quintal, de camisola, com lesões no crânio e escoriações nos joelhos. Acreditamos que tenha sido latrocínio porque alguns cômodos da casa estavam revirados e uma bolsa com dois celulares e a carteira da vítima foi levada”, informou o delegado Ricardo Silveira.
Segundo ele, chama a atenção a forma de atuação do suspeito. “Criminosos profissionais geralmente usam arma de fogo e arrombam as residências, levando uma grande quantidade de bens, o que não foi o caso. A ação possivelmente envolveu usuários de drogas ou pessoas que pretendiam subtrair objetos de pequeno valor para pagar dívidas ou consumir drogas. Não é uma linha definitiva, mas observando o local do crime, é o que dá a entender.”
O Instituto de Criminalística (IC) periciou ontem a casa de número 25 da Rua Treze de Maio, onde tudo aconteceu. De acordo com o perito Diego Costa, algumas manchas, que podem ser de sangue, foram encontradas no quintal da casa. “Vamos fazer algumas análises laboratoriais. A gente só pode concluir se é sangue ou não a partir delas”, explicou. Além das manchas, a perícia colheu impressões digitais, mas não se sabe se elas pertencem à vítima ou ao suspeito. O laudo deverá ficar pronto em até dez dias.
RESPOSTA
Em nota, a Polícia Militar informou que a segurança no Sítio Histórico de Olinda é realizada pela Companhia Independente de Apoio ao Turista (CIATUR), que atua com policiais a pé e mais três equipes motorizadas diuturnamente, na área que compreende da Joaquim Nabuco ao Alto da Sé e do Largo do Amparo ao Fortim do Queijo. A Companhia ainda trabalha com três pontos fixos, em sua sede na Praça do Carmo, no trailer do Alto da Sé e no pelotão da Ribeira.
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