Depois da madrugada de terror enfrentada nesta terça, quando cerca de 50 homens investiram contra quatro dos cinco bancos da cidade (explodindo o cofre de três deles), fizeram reféns e acuaram a polícia mantendo um tiroteio por cerca de uma hora e meia, moradores de Surubim, no Agreste, amanheceram ainda assustados com as marcas da violência e preocupados com a dificuldade para receber salários e quitar dívidas, nesta quarta. Muitos terão que se deslocar por mais de 40 quilômetros para municípios vizinhos. Conforme as assessorias da Caixa Econômica Federal, Santander e Bradesco, não há previsão para normalizar o atendimento. Até as 22h de ontem, o Banco do Brasil não respondeu à reportagem.
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Distante 119 quilômetros do Recife, com 70 mil habitantes e cidade-polo da região, o cenário que ficou em Surubim foi de destruição, com agências bastante danificadas e vários imóveis com buracos de tiros. O forte comércio local estava vazio e as ruas tinham pouco movimento. “Ficou ruim para a gente, porque o comércio depende dos bancos. E as pessoas estão apreensivas, com medo de ir para as ruas”, lamentou, em depoimento à TV Jornal, o comerciante André Silva, instalado no local há 18 anos.
O aposentado Júlio Domingos disse que recebe o salário pelo Banco do Brasil e não pretende se deslocar para outra cidade em busca do dinheiro. “Eu vou esperar reabrir, somos só eu e a mulher, damos um jeito”, declarou. “Eu fico nervoso, nunca vi isso por aqui.”
SEM PREVISÃO
O Bradesco, único que não foi explodido, mas teve vidraças quebradas e equipamentos destruídos, ainda abriu as portas ontem, só para uso dos caixas eletrônicos. Em nota, a assessoria do banco informou que os danos estão sendo avaliados. “Os clientes podem realizar suas transações bancárias nas oito unidades do Bradesco Expresso, correspondente bancário, localizados no município”, orienta.
A assessoria da Caixa informou que a agência está passando por perícias da Polícia Federal, não havendo data para sua recuperação e reabertura. Enquanto isso, a orientação aos clientes é que se dirijam às agências dos municípios de Limoeiro (a cerca de 50 quilômetros) ou Toritama (44 quilômetros), ou às lotéricas e CaixaAqui das cidades vizinhas. O Santander limitou-se a dizer que não tem previsão para retomar o atendimento.
PÂNICO
A ação dos criminosos começou às 0h30, quando eles chegaram em dez veículos e motocicletas, armados com fuzis e metralhadoras, espalhando grampos pelas estradas. Fizeram pelo menos seis reféns, agredindo um deles e chegando a levar dois na fuga, soltos em seguida. Dois veículos foram incendiados, um deles na entrada do 22º Batalhão da Polícia Militar, onde estariam apenas cinco PMs, que ficaram encurralados em troca de tiros. Nenhum criminoso havia sido preso até a noite de ontem.