DOM DA PAZ

Fim de semana de homenagens aos 19 anos da morte de Dom Helder

Uma missa será realizada no domingo, na Igreja da Sé em Olinda, para homenagear Dom Helder. Homenagens também serão prestadas na Igreja das Fronteiras

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Publicado em 24/08/2018 às 8:02
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Uma missa será realizada no domingo, na Igreja da Sé em Olinda, para homenagear Dom Helder. Homenagens também serão prestadas na Igreja das Fronteiras - FOTO: Foto: Arquivo ABr
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O final de semana será de homenagens a dom Helder Camara, o Dom da Paz, como era conhecido o arcebispo emérito de Olinda e Recife. Sua morte completa 19 anos na próximo dia 27 e em sua memória será realizada uma missa na Igreja da Sé, em Olinda, na manhã deste domingo (26). Nascido em 1909, no Ceará, o religioso é aclamado até hoje por centenas de fiéis que acompanharam seus trabalhos na Igreja Católica e na luta pelos mais desfavorecidos.

Perseguido durante o governo militar, Dom Helder foi considerado patrono dos Direitos Humanos em 2017, após o presidente Michel Temer sancionar uma lei reconhecendo sua atuação contra a ditadura na década de 1960. Após anos de investigação, a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara apresentou no ano passado um relatório comprovando a atuação do regime militar contra a indicação do religioso ao Prêmio Nobel da Paz.

“Ele ganhou inúmeros prêmios em todos os continentes do mundo. A questão do Nobel da Paz é outra, ele foi indicado três vezes e o governo brasileiro interferiu para ele não ganhar. Não são boatos ou coisas que ouvimos falar, isso ficou provado. Há documentos”, conta Lucinha Moreira, integrante da direção do Instituto Dom Helder Camara (IDHeC). Amiga pessoal, ela trabalhou na obra do dom da Paz desde que ele chegou em Pernambuco. “Ele chegou aqui em abril de 1964, logo após o golpe militar. Eu já o conhecia de antes, por conta do Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Trabalhei com ele desde o dia que ele chegou, até hoje, continuando sua obra no Instituto”, acrescenta.

Lucinha reconhece que o legado deixado por ele é incontestável. “A maior herança que ele deixou foi em relação à fraternidade entre as pessoas. Somos todos irmãos e temos obrigação um com os outros. A obra dele está presente em cada movimento que ele criou ou incentivou a criar, em cada lição que ele dava de humanidade, justiça e amor”, acrescenta.

Durante sua trajetória, o arcebispo ficou conhecido por estar ao lado do povo, sempre acreditando no diálogo como instrumento para o bem comum da sociedade. Durante nove anos, o monge beneditino Marcelo Barros foi secretário e responsável pela ação ecumênica do episcopado de dom Helder. Escritor do livro Dom Helder - Profeta para os nosso dias, ele lembra da relação do cearense com outras religiões. “Desde que chegou, ele sempre pediu que não estranhassem quando o vissem dialogando com pessoas de diferentes crenças e ideologias. Ele dizia que Deus se revelava a todos e que era preciso perceber as mensagens por meio das religiões. A favor do povo, sempre que fosse preciso, ele juntava forças com outras crenças para o bem comum da sociedade”, conta.

O monge participará das homenagens ao arcebispo que começam amanhã, a partir das 16h, na Igreja das Fronteiras. Na ocasião, haverá a encenação da peça Pro(Fé)ta - O bispo do povo. Em seguida, às 17h, haverá um momento de louvor e agradecimento com Marcelo Barros. “Vai ser um momento de homenagens, aberto a todas as pessoas, independente da crença. Vamos lembrar a obra dele e discutir seu legado”, adianta.

A programação em sua homenagem também inclui visitas ao Memorial Dom Helder Camara e celebração Eucarística. No domingo, será realizada na Catedral da Sé de Olinda a celebração eucarística, presidida por dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife. A missa acontece a partir das 9h e será concelebrada pelo frei Jociel Gomes, vice-postulador da causa de beatificação de dom Helder.

Trajetória

Dom Helder tornou-se padre aos 22 anos e foi arcebispo de Olinda e Recife entre os anos de 1964 e 1985. Durante sua vida, escreveu mais de 30 livros e ganhou diversos prêmios de reconhecimento, incluindo o Martin Luther King da Paz, em 1970, nos EUA. O arcebispo morreu em 27 de agosto de 1999 devido a uma insuficiência respiratória, decorrente de um quadro de pneumonia.

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