Verão

Sem previsão de ar condicionado, passageiros e motoristas passam sufoco nos ônibus

Reavaliação da licitação de lotes que garantiriam refrigeração nos coletivos segue parada

Diogo Cavalcante
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Diogo Cavalcante
Publicado em 06/01/2017 às 15:04
Diogo Cavalcante/JC Trânsito
Reavaliação da licitação de lotes que garantiriam refrigeração nos coletivos segue parada - FOTO: Diogo Cavalcante/JC Trânsito
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Recife é uma cidade de clima quente. No verão, então, a temperatura dispara. Quem anda de transporte público, mais precisamente de ônibus, sofre muito. Enquanto corre a discussão sobre o aumento das passagens, a questão do ar condicionado, tão desejado pela população, sempre entra em pauta. Mas esse sonho ainda é distante: há anos ronda pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) a reavaliação de cinco lotes de corredores de transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR). Esta licitação é ponto principal para garantir, ao menos em parte da frota, a implantação de um sistema de refrigeração. Enquanto isso, os usuários dos coletivos sentem na pele o sufoco.

Abimael Santos, de 62 anos, se queixa: "Chega o tempo de aumentar a passagem e não melhoram nada". Para ele, o calor dessa época do ano é insuportável, tanto dentro dos veículos quanto nas paradas de ônibus. "Quando vou à faculdade, levo uma camiseta extra e desodorante para não ficar todo sujo do suor do calor", comentou. A merendeira Jéssica Andrade, 25, relata o temor de desmaiar quando o coletivo que ela pega está superlotado: "Não dá para brigar com o sol, né? O negócio é se hidratar e sempre se proteger".

Jéssica Andrade e Abimael Santos: cada um dá seu jeito para diminuir o sufoco (Diogo Cavalcante/JC Trânsito)

Ventilador e cortinas

Motorista há 25 anos, José Natanael da Silva, de 56 anos, instalou um mini ventilador para diminuir o desconforto. "Sou muito calorento. E o ônibus que eu dirijo tem o motor na frente, por isso esquenta mais", explicou o motorista, afirmando ainda que a empresa em que trabalha tenta diminuir o desconforto, com cortinas e panos, mas nem sempre funciona.

Outro motorista, que pediu pra não ser identificado, declara que uma vez a sensação térmica dentro do ônibus chegou aos 35º C. "Quando se dirige pela beira-mar é mais tranquilo, tem vento. Mas numa Agamenon Magalhães, na hora de um engarrafamento e com veículo lotado... aí é quando o motorista chora".

Escotilha e exaustor são duas peças fundamentais para diminuir o calor interno nos veículos (Diogo Cavalcante/JC Trânsito)

Lenildo Caboclo, 47 anos e cobrador há quase 20, usa uma espécie de colcha para colocar no banco e evitar problemas de saúde por causa de assento quente. "Não uso muito protetor, mas bebo muita água durante o expediente. A vida melhoraria bastante se tivesse ar condicionado nos ônibus".

O caso dos lotes

As linhas de ônibus da RMR foram divididas em sete lotes. Dois deles já foram licitados. O restante depende da PGE terminar o procedimento de reavaliação das licitações. Procurada, a instituição não respondeu às solicitações do JC Trânsito.

Você pode conferir os lotes neste infográfico abaixo

Ilustração: Guilherme Castro/NE10

A licitação destes lotes, no entanto, não garantirá que 100% da frota fique refrigerada, uma vez que cada lote tem suas particularidades. E apenas uma parte da frota teria que ter, obrigatoriamente, sistema de ar condicionado. A outra ficaria a critério das empresas implantar ou não.

Outro fator que atrapalha na implantação de mais conforto ao usuário é a questão financeira. "Para ter todos os 2,8 mil ônibus com ar condicionado, o custo da tarifa teria que ser elevado", comentou, em nota, o Grande Recife Consórcio de Transportes. Hoje, há poucas linhas na RMR circulando com ar condicionado, como BRTs (que fazem parte dos dois lotes licitados), veículos opcionais, como a linha 042 - Aeroporto (Opcional) e regulares, como parte dos veículos da linha 645 - Av. Norte - Macaxeira.

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