Corredor Leste-Oeste

Após integração temporal, linhas da Caxangá sofrem com baixa demanda

Quatro dos oito coletivos que tiveram alteração operam agora com micro-ônibus

Bruno Vinicius
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Bruno Vinicius
Publicado em 16/08/2017 às 13:30
Foto: Bruno Vinícius/JC Trânsito
Quatro dos oito coletivos que tiveram alteração operam agora com micro-ônibus - FOTO: Foto: Bruno Vinícius/JC Trânsito
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A rotina de milhares de passageiros dos coletivos da Avenida Caxangá foi alterada em fevereiro deste ano. Embora os Terminais das III e IV Perimetrais, importantes aparelhos para o Corredor Leste-Oeste, estarem inacabados, o Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT) decidiu que oito linhas que faziam o trajeto subúrbio-Centro passariam a alimentar o Sistema Estrutural Integrado (SEI). Apesar da promessa de mais agilidade no percurso e reforço no BRT, os passageiros não ficaram contentes com a mudança e quatro das oito linhas tiveram queda na demanda de usuários e passaram a circular com micro-ônibus.

Em junho deste ano, o GRCT anunciou que as linhas 2413 - Avenida do Forte/EBRT Getúlio Vargas, 2415 - Sítio das Palmeiras/EBRT Getúlio Vargas, 2421 - Torrões/EBRT Parque do Cordeiro, que fazem o percurso do bairro dos Torrões até a Avenida Caxangá, passariam a rodar com o micro-ônibus por causa da queda na demanda de passageiros. Segundo dados do próprio Consórcio, o decréscimo foi de 73%, 81% e 64%, respectivamente, desde que deixaram de realizar o trajeto até a área Central do Recife. Em julho, foi a vez da 2433 - Brasilit/EBRT BR-101, que leva os moradores de Brasilit, no bairro da Várzea, para fazer a integração temporal com a estação BR-101. De acordo com o Grande Recife, 80% dos passageiros deixaram de utilizar os coletivos da linha.

O coordenador de operações do GRCT, Mário Sérgio, afirma que a queda na demanda de usuários destas linhas estava dentro da expectativa prevista pelo Consórcio. "Quando decidimos fazer a alteração, já esperávamos a baixa demanda dos passageiros. Os usuários acabaram migrando para o BRT após o reforço que fizemos no corredor com a criação de duas linhas, a EBRT BR-101/ Cde. Da Boa Vista e 2443 – EBRT BR-101/ Derby", conta o coordenador. Ainda de acordo com ele, a alteração foi feita para que melhorasse o fluxo na via e, consequentemente, agilizasse o percurso dos passageiros.

Reclamações

Em paradas improvisadas, próximas às obras de terminais que não foram concluídos a tempo da Copa do Mundo de 2014, os passageiros discordam da posição do Consórcio. Eles relatam que houve um aumento na frota de BRT, mas os veículos que fazem as integrações temporais atrasam e demoram para realizar o itinerário da Caxangá aos bairros, mesmo que a curta distância. Na época de implementação do novo sistema, o GRCT afirmou que uma das vantagens era, justamente, a agilidade no percurso da Avenida, em vista da retirada de mais de 40 veículos dela e de 36 do Centro do Recife, além do investimento no BRT.

A dona de casa Suzana Rodrigues*, de 55 anos, explica que mora nas imediações do terminal de duas destas quatro linhas, no bairro dos Torrões, e mesmo assim sofre com a demora delas. "Eu tenho duas opções de ônibus, a Avenida do Forte e o Torrões. As duas demoram, apesar da promessa do Consórcio em agilizar o percurso", comenta. Ela acrescenta que já esperou duas horas na parada por um dos coletivos: "No domingo, cada uma das linhas roda com apenas um ônibus. Teve um dia em que o ônibus da Avenida do Forte quebrou e ficamos três horas na espera, porque não estávamos sabendo", relata.

Suzana ainda declara que, além da espera, os passageiros têm que lidar com a desproteção na chuva. "Como aqui é desprotegido, a gente leva água quando chove e na parada mais à frente é pior: porque tem alagamento em tempos chuvosos". Um dos fatores para que suas duas filhas façam o deslocamento até a Avenida Abdias de Carvalho, para embarcar nos ônibus que trafegam lá, onde passam coletivos de bairros como Jardim São Paulo, Totó e San Martin, também da Zona Oeste.

A realidade dos moradores dos Torrões também é parecida com as dos que vivem em Brasilit, na Várzea, onde a rotina também foi alterada com a implantação da integração temporal. Benício Dorácio, 32, morador do bairro, conta que após a mudança leva mais tempo para chegar à região central. "Antes eu levava 40 minutos da minha casa para o Centro. Agora, além do tempo que eu espero o ônibus, tem a espera pelo BRT". Enquanto a reportagem do JC entrevistava Benício, o tempo de espera na parada improvisada na Avenida era mais de 15 minutos, além do percurso que ele havia feito de BRT até lá.

*Nome fictício. A personagem preferiu não ser identificada

Futuro

Mário Sérgio, coordenador de operações do GRCT, explica que haverá uma alteração na operação destes ônibus quando os terminais integrados da Caxangá estiverem prontos. "Quando os terminais das III e IV Perimetrais estiverem prontos, estas linhas vão migrar para eles. Há a previsão também de estarem integradas ao Terminal Integrado de Joana Bezerra, o qual é muito importante para o Sistema", conta.

No último dia 03 de Agosto, o Blog De Olho No Trânsito fez uma reportagem sobre a situação dos terminais referentes. Os moradores da Zona Oeste ainda vão ter que esperar um tempo para poder utilizá-los. O TI da III Perimetral tem um prazo mais curto para ser inaugurado. As obras têm previsão para acabar em dezembro deste ano e 9 linhas estão previstas para operar nele. Já para o TI da IV Perimetral, a espera vai ser um pouco maior e ele tem previsão de funcionamento para a metade de 2018.

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