Com a condenação ontem de dois dos cinco indiciados pelo assassinato do médico Artur Eugênio Azevedo, a família da vítima espera agora ver sentado no banco dos réus o médico Cláudio Amaro Gomes, apontado como mandante do crime. O cirurgião torácico e o comerciante Jailson Duarte César, que teria intermediado a execução, entraram com recursos para não ir a júri popular. Os dois tiveram o pedido negado e recorreram da decisão. O advogado da família de Artur, Daniel Lima, acredita que o julgamento do médico e de Jailson só acontecerá em 2017. “Não só em função dos recursos, mas porque a pauta do Tribunal de Justiça está lotada. Estamos confiantes de que esse júri acontecerá ainda no primeiro semestre do próximo ano”, afirmou.
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Eram 4h, quando a juíza Inês Maria de Albuquerque Alves, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes, anunciou a sentença. “Nada vai trazer Artur de volta, mas essas condenações ajudam a aliviar um peso de nossas costas na luta pela justiça. Agradeço a todos que acompanharam e nos deram forças ao longo desses mais de dois anos de espera. Recebi muito carinho e apoio de todos os lados”, afirmou a médica Carla Azevedo, viúva de Artur Eugênio. Ela fez questão de reafirmar a força e a confiança para continuar lutando. “Quero aproveitar para agradecer ao meu advogado, ao Ministério Público, familiares, pacientes de Artur, à imprensa e a todo o povo pernambucano e paraibano. Ainda temos mais um julgamento pela frente e vamos fortes e confiantes para esse momento”, destacou.
MOTIVAÇÕES DO CRIME
O advogado Daniel Lima disse que o júri do médico vai considerar elementos diferentes dos que foram tratados na condenação de Cláudio Júnior, filho de Cláudio Amaro, e Lyferson. “Eles foram os executores. Havia fartas provas da participação dos dois na execução de Artur. Agora vamos provar a ligação de Cláudio Amaro com os condenados e as motivações para esse crime bárbaro”, explicou. Ele acredita que o médico será condenado a uma pena próxima à que foi imposta ontem aos outros dois acusados. O quinto envolvido, Flávio Braz, foi morto em conflito com a polícia no ano passado.
Apesar da condenação, Daniel Lima disse não ter o que comemorar, diante da perda que representou a morte de Artur Eugênio. “Ele não fará falta só aos seus familiares e amigos. Durante os cinco dias de julgamento foi emocionante ver a grandeza do profissional que ele era. Tinha muitos planos para melhorar a qualidade do atendimento médico na área em que atuava. Foi uma perda imensa para toda a sociedade.” Após o anúncio das sentenças, os defensores dos dois réus recorreram da decisão.