Seis municípios da área norte do Grande Recife – que somam uma população de 610 mil habitantes – juntarão esforços no combate e prevenção à criminalidade. Abreu e Lima, Araçoiaba, Igarassu, Itamaracá, Itapissuma e Paulista instalaram, nesta sexta-feira (18/8), o Fórum Regional de Prevenção Social (FRPS), com o objetivo de integrar ações e trocar experiências no campo da prevenção à violência.
Motivos não faltam. No ranking de registro de roubos nos sete primeiros meses deste ano, cinco das seis cidades que integram o fórum estão entre as 30 primeiras colocadas. Igarassu é o caso mais grave – sétimo lugar no Estado, com índice de 1.216,3 casos por grupo de 100 mil pessoas. A campeã é Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste. Tem taxa de 1.718,1.
Em relação aos homicídios, Itamaracá aparece em primeiro entre as seis, na 21ª colocação geral do Estado, entre os meses de janeiro e julho, com taxa de 55,2 assassinatos por grupo de 100 mil pessoas.
É uma área difícil, com peculiaridades que nenhuma outra tem: a grande concentração de unidades prisionais”, tenente-coronel Marcos Ramalho, comandante do 17º BPM
O fórum foi instalado em Itapissuma, na manhã de ontem. Entre os prefeitos, apenas o anfitrião, José Bezerra Tenório Filho – Zé de Irmã Teca (PSD) – estava presente. Os demais representantes dos municípios envolvidos eram secretários. “Nossa ideia é juntar forças para adotar novas práticas de prevenção e ajudar, no que for possível, as polícias na parte repressiva”, diz Bezerra. Itapissuma teve, entre janeiro e maio, 11 homicídios – seis apenas no mês de abril. Segundo o prefeito, foi o ponto de partida para uma nova interação com as forças de segurança e com a própria administração.
“Criamos um grupo de Whatsapp do qual participam o comandante do batalhão da Polícia Militar, o delegado, eu e os secretários. Qualquer problema pontual é facilmente identificável e resolvido dentro das possibilidades.” Segundo José Bezerra, o município completou ontem 80 dias sem homicídios.
Apesar de martelarem a tecla da prevenção, um dos pedidos mais urgentes das prefeituras é a instalação de um novo batalhão da Polícia Militar, que funcionaria em Itapissuma. Atualmente, as seis cidades são patrulhadas pelo 17º Batalhão de Polícia Militar, cuja sede fica em Paulista.
UNIDADES PRISIONAIS
“É uma área difícil, com peculiaridades que nenhuma outra tem: a grande concentração de unidades prisionais”, comenta o comandante do 17º BPM, tenente-coronel Marcos Ramalho. “Mesmo assim, em quatro meses, conseguimos reduzir em 30% a média de homicídios.”
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Segundo Ramalho, a ocupação desordenada de áreas do entorno das unidades prisionais – além dos três presídios de Itamaracá, há o Cotel e a Funase em Abreu e Lima – é um fator a mais na dificuldade para combater e prevenir o crime. Ele cita como exemplo a área de Itamaracá conhecida como Alto da Gaia, uma ocupação irregular que seria formada, majoritariamente, por familiares e amigos de detentos da Penitenciária Barreto Campelo.
Na ilha, o clima é de pavor. “Até pouco tempo atrás eu fechava o bar às 18h. Hoje em dia, às 16h eu chego para os clientes que ainda estão nas mesas e informo que vou fechar, pois não é seguro para ninguém ficar aqui”, lamenta a comerciante Célia Pereira, dona de um bar na Praia do Pilar.
Para o secretário municipal de segurança de Paulista, Manoel Alencar, a maior luta dos seis municípios do fórum, no primeiro instante, é por recursos. “O momento no País é de crise, mas sem verba é impossível tocar políticas de prevenção e que incluam a juventude”, diz ele, que também é presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Segurança. Uma das ideias que a prefeitura de Paulista estuda é a cobrança de R$ 1 na conta de água de cada morador do município para que sejam arrecadados recursos para a área.