Saúde

Meditação mindfulness para afastar o estresse e ter mais foco em 2017

Técnicas de meditação e respiração despontam como alternativa para quebrar o ciclo de ansiedade, estresse, infelicidade e exaustão

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 31/12/2016 às 7:44
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Técnicas de meditação e respiração despontam como alternativa para quebrar o ciclo de ansiedade, estresse, infelicidade e exaustão - FOTO: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Numa época frenética, em que as pessoas desempenham multitarefas, concentrar-se no momento presente tem sido um caminho para tirar o pé do acelerador. A serenidade pode levar ao reencontro do equilíbrio físico e emocional essencial para domar as pressões do dia a dia e facilitar o alcance de metas – um desejo comum das pessoas na virada do ano. Nesse contexto, um conjunto de técnicas de meditação e respiração, batizado de mindfulness (ou atenção plena, na tradução para o português), desponta como alternativa para quem deseja quebrar o ciclo de ansiedade, estresse, infelicidade, irritabilidade e depressão, além de outros transtornos que desestabilizam a saúde.

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“Mindfulness é um estado de atenção especial em que atendemos a experiências internas (sensações, pensamentos e sentimentos) e externas (sons, pessoas, situações, eventos e cheiros) com uma atitude de abertura, curiosidade e suavidade”, diz o psicólogo Vitor Friary, diretor do Centro de Mindfulness, no Rio de Janeiro. Referência no tema no País, ele tem compartilhado a prática da atenção plena com profissionais de todo o Brasil. Já ministrou curso no Recife, onde foram capacitadas mais de 40 pessoas, entre psicólogos e psiquiatras.

Praticante da meditação desde os 17 anos (hoje ele tem 34), Vitor ressalta que o mindfulness tem sido usado como parte de protocolos terapêuticos para ajudar pessoas com depressão e ansiedade, dores e doenças crônicas, como também aquelas que desejam abandonar tensões e melhorar a qualidade de vida.

“Quando praticamos o estado de mindfulness na meditação ou em situações do dia a dia, aumentamos a atividade de uma área cerebral conhecida como córtex pré-frontal, que é associada a processos de atenção, concentração, tomada de decisões e de perspectivas diante de situações difíceis”, explica Vitor. Ele complementa que práticas simples (prestar atenção nas sensações do corpo durante uma caminhada ou na respiração enquanto se senta) podem ajudar a estimular essas áreas do cérebro.

SENTIMENTOS

A psicóloga Luciana Gropo, integrante da Associação de Terapias Cognitivas do Estado de Pernambuco, destaca a atenção plena como um instrumento que proporciona melhora de foco e controle dos sentimentos. “A respiração é a âncora do mindfulness. Ao controlá-la, é possível diminuir a importância dada a emoções e compreender como enfrentá-las. Há quem não deseje ficar triste nem sentir raiva ou irritação. Mas todas as emoções são bem-vindas. Só é preciso experimentá-las num grau que não atrapalhem.”

Ela acrescenta que a prática de mindfulness também possibilita o enfrentamento de pensamentos ruins. “Com a meditação, a pessoa aprende que pode experimentar sofrimentos: eles chegam e vão embora.”

Atualmente a prática de mindfulness pode ser conhecida através da leitura de obras sobre tema e participação em cursos. Livros e CDs complementam a aprendizagem e não substituem o acompanhamento de um especialista no método. “A prática da atenção plena deve ser associada ao tratamento do paciente (seja medicamentoso ou psicoterapêutico). Estudos mostram que as técnicas podem reduzir a gravidade de sintomas da depressão e outros transtornos psiquiátricos, além de ativar a memória”, frisa a psiquiatra Kátia Petribú, presidente eleita da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria e professora da Universidade de Pernambuco.

Para Kátia, é importante se pensar em caminhos que possibilitem a aplicação do mindfulness na rede de atenção básica à saúde e em espaços abertos, como praças e parques. “É preciso replicar a prática em grande escala, pois mindfulness proporciona mudança no estilo de vida de qualquer pessoa, independentemente da presença ou ausência de doenças”, destaca a psiquiatra.

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