Sophie Charlotte conquistou o status de protagonista em Malhação (2007 a 2009), ao interpretar a jovem Angelina. De lá pra cá, passaram-se dez anos. A atriz casou-se, tornou-se mãe e, atualmente, está no ar como a mocinha Alice de Os Dias Eram Assim, trama das 23h da Globo. Apaixonada pelo trabalho, conta que espera, ansiosa, o momento da história que vai mostrar o reencontro de Alice e Renato (Renato Góes). A atriz, de 28 anos, também comenta sobre a parceria com o marido, Daniel de Oliveira, no mesmo folhetim.
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Na entrevista a seguir Sophie discorre, ainda, sobre feminismo, empoderamento e como o contexto histórico é capaz de influenciar nos relacionamentos amorosos.
ENTREVISTA: SOPHIE CHARLOTTE
'Os Dias Eram Assim' é seu primeiro trabalho após ter se tornado mãe. Está sendo diferente?
SOPHIE CHARLOTTE - Esse trabalho é um grande desafio, porque, depois de todo o processo de ter um filho, de passar um ano me reinventando como pessoa, eu pego uma personagem que, inicialmente, tem 18 anos e que está vivendo tudo pela primeira vez. Então, tenho de amadurecer junto com ela. Acho que a gente aprende muito com o passar dos anos e isso é maravilhoso. E essa trama vai ter esse reencontro amoroso, vamos ver o que isso promove, pois Alice e Renato se casam com outras pessoas, mas a história deles fica em suspenso. Estou curiosa para ver até onde isso vai me levar.
Como você se sente em deixar seu filho em casa para ir gravar?
SOPHIE - O Otto está com um ano e buscando a independência dele. Mas é claro que não é algo fácil, porque pra mim foi um ano de simbiose total, de entrega, de amamentação, que continua, inclusive. Mas atuar é o que eu amo fazer e é uma forma bonita de mostrar pra ele que tenho a minha carreira. Acho que todas as mulheres que têm filho passam por esse momento. Não é fácil, mas é necessário. Estou tentando fazer isso com delicadeza e com a proximidade da minha mãe, da minha sogra e da cuidadora. Ele está amparado.
Em 'Os Dias Eram Assim' você contracena com o seu marido. Como é essa parceria?
SOPHIE - É maravilhosa. Dessa vez, ele faz um personagem que é vilão. O Vitor quer a Alice de qualquer maneira. Eu não acredito muito nisso. A Alice quer ser livre, se sentir arrebatada, o que não sentia nesse namoro. Eles vão ficar juntos, mas como é que você fica com uma pessoa sem viver essa paixão? A história vai ter muitos desencontros, então ela meio que vai ser levada. É uma personagem com um arco dramático grande. Lá na frente certas fichas vão cair. Tem sido o máximo porque o Daniel é um grande ator, é o meu amor, então é fácil. A gente conversa muito em casa, se admira e se respeita. Acho que isso é fundamental para conseguirmos fazer cenas mais complicadas.
Você e o Daniel batem texto juntos em casa? Como é o processo de vocês?
SOPHIE - Já estudamos muito juntos, mas, agora, preferimos nos encontrar mais em cena, porque isso também é rico, tem muitas possibilidades. Estamos brincando com esse exercício no decorrer da trama.
Na história, teve um momento em que Alice foi assediada por Vitor. Você já passou por alguma situação assim?
SOPHIE - Não. Mas sinto que a gente está num momento muito bonito para ser mulher. E é legal mostrar as situações que a Alice vive em cena. A história também me ajuda nesse sentido de questionar certos posicionamentos. A gente está se empoderando mais. É uma luta que começou até antes dos anos 1970, mas a demanda continua até hoje. Acho bacana discutir a responsabilidade que temos como cidadãos.
Você acha que a Alice é feminista?
SOPHIE - Nessa história a gente fala de um conflito de geração que é muito emblemático. Acho que todo jovem tem um tipo de embate com seus pais e, nos anos 1970, foi mesmo uma ruptura de valores e costumes. O feminismo entrou com muita potência. Várias conquistas começaram lá. Mas não dá para cobrar dessa personagem uma postura feminista de 2017, sabendo que ela está na década de 1970. A referência dela é a (atriz) Leila Diniz, mas não posso dizer que ela é a Leila, que é um ícone, uma mulher empoderada e totalmente à frente de seu tempo. A Alice vive o seu tempo e o questiona.
Acredita que o contexto histórico interfere nos relacionamentos?
SOPHIE - O contexto histórico influencia muito nos relacionamentos. No momento em que vivemos, por exemplo, tem muitas pessoas que se conhecem por meio de aplicativos de celular ou que mantêm relações à distância graças a isso. Os tempos mudaram. Acho que vale a pena sempre a gente se questionar sobre a conexão, o quão conectado a outra pessoa estamos realmente ou quão superficial isso é. Vivemos um tempo de busca. Ainda não encontramos um equilíbrio com essas tecnologias todas, mas elas estão aí para ajudar.