A plataforma de vídeos online Netflix investirá 500 milhões de dólares canadenses nos próximos cinco anos na produção de filmes e séries originais no Canadá, anunciou a ministra do Patrimônio Melanie Joly nesta quinta-feira (28).
Essa quantia representa cerca de 5% do percentual do serviço em streaming em produção de vídeos para 2018, que é estimada em 7 bilhões de dólares americanos.
Como parte de um acordo feito com Ottawa, capital do Canadá, a Netflix abrirá sua primeira produtora fora dos Estados Unidos no país, em troca de evitar ao máximo a regulação canadense de conteúdo e contribuir para o fundo artístico do governo.
A empresa americana concordou também em ressaltar o conteúdo produzido no Canadá, tanto nos serviços em inglês e francês pertencentes a plataforma global.
"É muito importante para nós (canadenses) assistir e ouvir histórias que nos possibilitem ver quem somos, assim como aprendermos sobre o nosso papel no mundo", Joly afirmou em discurso.
"Espero que isso (o acordo) sirva de modelo a ser seguido por outros países no planeta", contou depois aos repórteres.
Emissoras canadenses pressionaram Ottawa quanto a imposição de uma taxa sobre o serviço da Netflix, similar a contribuições pagas por essas empresas, cujo valor poderia ser destinado ao fundo canadense.
As emissoras canadenses devem também exibir uma quantidade definida de conteúdo canadense no ar, medida que os serviços de streaming não são obrigados a seguir.
Facebook, Netflix, Spotify, YouTube e outras empresas de conteúdo online atingem o público canadense diretamente, sem a necessidade de cumprir as medidas estabelecidas e obrigatórias seguidas pelas emissoras do país. A maioria desse conteúdo é produzido fora do território do Canadá.
O acordo feito entre a Netflix e o governo perante a Lei de Investimento em vigência no país permite ao Canadá priorizar o conteúdo produzido em seu território enquanto evita impor novas regulações específicas para empresas do mundo Web.
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NOVAS TENDÊNCIAS DE TELESPECTADORES
De acordo com a Comissão Canadense de Rádio-Televisão e Telecomunicações (CRTC), cerca de 11 milhões de domicílios estavam conectados a cabos de internet e a sinal de TV via satélite em 2016.
Porém, esses números estão declinando, com uma estimativa de 200.000 ou 2% de assinantes de TV por assinatura desistindo de seus contratos, conforme divulgado em abril o relatório intitulado "The Battle for the North American Couech Potato" (que pode ser traduzido em português para A Disputa pelo Norte-americano Viciado em TV).
Essa tendência teve início em 2012, dois anos após o lançamento dos serviços em streaming oferecidos pela Netflix no Canadá, e se espera que seja acelerada nos próximos anos, segundo o Grupo de Pesquisa de Convergência, responsável pelo estudo.
A Netflix, que segundo fontes do governo reúne aproximadamente cinco milhões de assinantes somente no Canadá, recusou-se a ser tratada como uma emissora tradicional.
Em 2015, o primeiro-ministro Justin Trudeau rejeitou o que havia ficado conhecido como a "Taxa da Netflix", durante as eleições.