Os dias de glória de Harvey Weinstein em Hollywood ficaram no passado: ele foi expulso pela Academia do Cinema dos Estados Unidos, que premiou com 80 Oscars os filmes de seus estúdios, em meio a um escândalo sexual que não para de crescer.
Apos uma reunião de emergência, a junta diretora da Academia votou por ampla maioria - mais de dois terços - a expulsão imediata do produtor de 65 anos, centro de um escândalo desde que o jornal The New York Times publicou em 5 de outubro uma matéria explosiva sobre seus abusos sexuais contra jovens atrizes e assistentes de produção.
"Não só nos distanciamos de alguém que não merece o respeito de seus colegas como enviamos uma mensagem para que termine a era de ignorância deliberada e vergonhosa cumplicidade em conduta sexual depredadora em nossa indústria", diz o comunicado da Academia americana. "O que está em jogo aqui é um problema profundamente preocupante que não tem espaço em nossa sociedade", acrescenta. A Academia Britânica de Artes Cinematográficas e de Televisão (Bafta) já o havia suspendido na quarta-feira e neste sábado o sindicato dos produtores (PGA) se reuniu para "considerar procedimentos disciplinares".
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O reconhecido produtor -os filmes de seus estúdios já receberam mais de 300 nomeações ao Oscar e 80 estatuetas- é o segundo membro da Academia a ser expulso. O ator de "O Poderoso Chefão II", Carmine Caridi, foi o primeiro, acusado de empresar fitas VHD dos filmes que concorreriam ao oscar para um vizinho comerciante de filmes pirateados. A decisão, contudo, não tirou de Weinstein o Oscar que ele ganhou em 1999 como produtor de "Shakespeare apaixonado".
Precedente
Desde que o escândalo veio à tona, cerca de trinta atrizes, entre elas Mira Sorvino, Rosana Arquette, Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Léa Seydoux, disseram que foram vítimas das insinuações sexuais do produtor.
As intérpretes Asia Argento, Lucia Evans, Rose McGowan e uma outra mulher que permanece sob anonimato o acusam de estupro. A polícia de Nova York e do Reino Unido abriram uma investigação contra ele. "Preciso de ajuda, todos cometemos erros, espero ter uma segunda chance", disse Weinstein na quarta-feira a paparazzis em frente à casa de uma de suas filhas.
O público americano não pareca estar disposta a dar este voto de confiança. Uma pesquisa curso de Jeetendr Sehdev, um especialista em imagem de celebridades, revelou que 82% dos 2.000 entrevistados pediram a expulsão do produtor da Academia e 70% disseram que ficariam "chocados" se não o tirassem.
A blogueira Sasha Stone, editora da Awards Daily, explicou que uma decisão deste tipo levanta dúvidas sobre outros membros. "Bill Cosby, Mel Gibson ainda são membros", lembrou. Cosby será novamente julgado por abuso e Gibson foi denunciado por bater na ex-mulher. "Quantos casos sobre abuso sexual ou algo pior virão à tona nos próximos meses? Todos serão expulsos ??da Academia? É difícil saber", afirmou.
Academia
Em seu comunicado, a Academia disse que trabalha para "estabelecer padrões de conduta que todos os membros devem obedecer". Seu estúdio The Weinstein Company (TWC) -que o produtor fundou e que dirigia com seu irmão- não conseguiu ficar de fora do escândalo, apesar de ter o demitido.
Bob Weinstein disse ao THC que o estúdio sobreviverá à crise e seguirá em frente com outro nome. Por enquanto o cineasta Oliver Stone disse que não fará uma série prevista sobre a prisão de Guantánamo se o TWC estiver envolvido. Stoneindicou o estúdio Amazon, que cancelou um projeto para o diretor David O'Russell e excluiu o estúdio de uma série sobre os Romanov.
Harvey Weinstein levou aos cinemas filmes aclamados como "Chicago", "A vida é bela", "O paciente inglês", "O artista", "O discurso do rei" e "A dama de ferro".