Enquanto janeiro mergulhava em 2018, diz nas informações do livro, o poeta Fred Caju criava manualmente cada um dos exemplares do livro, Permanência (Castanha Mecânica). A artesania só empresta sentido à obra, recheada de entrega nas suas palavras, afinal, “um livro de amor não/ precisa se justificar/ para este mundo”. É o amar como uma forma de continuar e persistir que o volume – lançado sexta (26), às 22h43, no Sebo Casa Azul, em Olinda – aborda.
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Fred é um dos excelentes poetas pernambucanos que passaram a aparecer mais recentemente. Já produz uma obra importante na sua editora, a Castanha Mecânica, com títulos como Estilhaços e O Revide das Pequenas Maldades. Em 2017, foi um dos vencedores do Prêmio Pernambuco de Literatura com o volume (ainda inédito) Nada Consta.
POEMAS-CARTAS
Permanência é um livro de poemas-cartas. O destinatário de início parece ser só uma pessoa, mas depois se multiplica em vários. Na verdade, Fred direciona seus versos a um “você” e cita momentos específicos, no entanto, talvez seja melhor ler o livro como uma forma de se reconciliar com o amor como temática poética e como sentimento que é maior que o seu objeto.
O autor escreve: “eu sei evidente que não seremos/ contemporâneos à primavera do século por isso a/ urgência em dançar nas ruínas arrancar das vísceras a/ canção e semear entre os escombros pois todo amor é/ merecido porque está sempre prestes a morrer”. Viver, ainda diz, é ir entre perdas e, num receituário de Guimarães Rosa (citado na epígrafe), demanda coragem. Permanência é também sobre ter “amado mais porque não preciso amar todos os dias/ todos os mesmos”.
