Há 269 dias, o Brasil foi dormir com a notícia de que a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL), e seu motorista, Anderson, haviam sido executados – em um crime que ainda não foi solucionado, perpetuando o absurdo da morte. Neste sábado (8/12), a partir das 19h, na praça da UR-11, um dos muito legados de Marielle, o de socióloga, vai ser celebrado através do lançamento do livro UPP – Redução da Favela a Três Letras: uma Análise da Política de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (Editora N-1), dentro da programação do evento Ibura Black, que acontece das 9h às 22h. A entrada é gratuita, e todo o lucro obtido com a venda dos exemplares será revertido para a família de Marielle.
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A obra, que será lançada em outras 16 cidades, traz a dissertação de mestrado em administração pública de Marielle, defendida na Universidade Federal Fluminense (UFF). Para transformá-la em livro, foram necessárias algumas pequenas adaptações no volume, que é organizado por Lia de Mattos Rocha e tem prefácio de Frei Betto.
PENSAMENTO
Crítica da militarização do espaço público, Marielle analisa o projeto das UPPs, com a “substituição das conhecidas incursões policiais por um modelo de controle e ocupação de território por armas oficiais” – a mudança, no entanto, não significava “necessariamente, uma alteração profunda da política em curso”.
Ainda no livro, Marielle deixa mostrar como as favelas conviviam com os problemas do tráfico e da violência policial, mas também iam além disso. “Mesmo marcada por níveis elevados de subemprego e de informalidade nas relações de trabalho, baixo grau de soberania frente ao conjunto da cidade, fraco investimento social e outros problemas da mesma ordem, a favela acaba por apresentar uma vida, ações e perspectivas que a colocam, em determinados momentos ou circunstâncias, como um dos protagonistas no desenvolvimento da própria cidade”, apontava. Além disso, Marielle propõe na obra mudanças na abordagem do estado: “Unificar as polícias, desvinculá-las do Exército, caminhar para desarmar a sociedade e reforçar uma visão de segurança integrada, muito superior a questões policiais, são medidas fundamentais”.
