Música eletrônica

Música eletrônica pernambucana: o caminho está sendo feito

Pioneirismo e muita dedicação marcam a história da música eletrônica pernambucana: Dj Dolores, Thelmo Cristovam, Doktor Froid, Mazili, entre outros

JEFFERSON SOUSA
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JEFFERSON SOUSA
Publicado em 09/04/2017 às 14:00
(Divulgação), (Ricardo B. Labastier/ JC Imagem) e (Divulgação)
Pioneirismo e muita dedicação marcam a história da música eletrônica pernambucana: Dj Dolores, Thelmo Cristovam, Doktor Froid, Mazili, entre outros - FOTO: (Divulgação), (Ricardo B. Labastier/ JC Imagem) e (Divulgação)
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Pernambuco tem nomes que marcam a história da música eletrônica. O Estado é um dos mais ecléticos celeiros de desbravadores de diversos subgêneros deste segmento.

DJ Dolores

O sergipano Helder Aragão de Melo, artisticamente conhecido como DJ Dolores, 51 anos, se mudou para o Recife em 1985 para estudar Comunicação Visual. Quando trabalhava numa produtora de vídeos fazendo animações, em 1989, ele usava um computador alemão chamado “Amiga”, onde ele já fazia suas músicas. “Minha turma gostava de hip hop, da acid house, mas ninguém tinha acesso a um drum machine, então lembro que Chico Science às vezes passava a tarde comigo programando beats”, revelou Dolores.

Em 1995, comprou um PC 286. “Não tinha sequenciadores ou instrumentos virtuais, mas tinha um software que era usado para editar recado de secretária eletrônica, no qual fiz toda a trilha do média-metragem Enjaulado, de Kleber Mendonça Filho”, disse.
Já discotecando nos anos 1980, mesmo sem ter acesso a muitos vinis, e em 1990 começando a mixar ao vivo, Dolores fundou a Orchestra Santa Massa, além dos projetos Aparelhagem e o Blind Date, este último com o percussionista Naná Vasconcelos. No cinema, produziu a trilha sonora de 11 longas, entre eles, O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, e Tatuagem, de Hilton Lacerda.

“É bem mais difícil ser original, descobri algo em si que soe novo, do que repetir modelos pré-existentes e, automaticamente, obter aprovação das pessoas que lhe cercam”, completou Dolores, que segue preparando o seu próximo álbum, que ainda não tem nome e será lançado no próximo ano.

A todo vapor

O Noise – sons considerados, em circunstâncias comuns, desconfortáveis – tem ganhado destaque nacional com nomes da região. Entre eles, o olindense Thelmo Cristovam, que concorre ao prêmio Bravo!, na categoria Melhor Disco Erudito. Leia mais sobre Cristovam aqui.

Nuno e Pierre 
Nuno Aymar/ Pierre Leite (divulgação)

Nuno Aymar, recifense de 21 anos, estudou 4 anos no Conservatório Pernambucano de Música. "Lido com música experimental, mas considero o ofício da música eletrônica e noise como realização da liberdade em seu sentido mais bruto, principalmente ao exprimir e poder compartilhar isso no último volume", afirma. Pierre Leite, recifense de 42 aos, começou a produzir em 1997, atualmente produz a banda Café Preto e faz parte do Chambaril. "Existem incontaveis comunidades e forums na internet sobre música experimental. Aqui em recife já existem pessoas pensando nessa área, como Iuri Brusky e Thelmo Cristovão, por exemplo", conta Pierre. Além dos dois, Bruno Christofoletti tem se destacado na região, principalmente com o seu disco experimental Miopia.

Entre os produtores musicais do Estado, dois jovens destacam-se pelo número de envolvimento do público em suas respectivas plataformas de streaming e, claro, nos seus shows. São eles o olindense Doktor Froid, que produz trance, e o recifense Mazili, um dos principais beatmakers atuais do rap nacional.

Doktor Froid

Túlio Magno, de 21 anos, que assina como Doktor Froid, usa o software FL Studio para produzir trance, um dos subgêneros que mais tematizam festivais e que já o levou para fazer shows na Austrália, Suíça e México, além de todas as regiões do Brasil. “A cena eletrônica brasileira nunca esteve tão em alta e isso é realmente iradíssimo, ter essa aceitação e a quebra de paradigma me faz acreditar que daqui pra frente tudo tende a crescer muito mais”, disse Magno.

Send da geração onde os produtores começaram a construir grandes carreiras ainda com pouca idade, o olindense é direto no que acredita: "O segredo é você amar o que você faz. Quanto mais cedo você conseguir ter mais foco, mais rápido será o seu sucesso". Sobre a linha sonora que segue, Doktor diz que "cada música que eu faço se reinventa, mas se for seguir uma linha básica, produzo Progressive Trance com um toque de Techno e House, inclusive minha nova música em parceria com o Vermont tem uma linha bem Future Bass".

Atualmente Doktor está produzindo tracks originais com Thrive, Getdown (AUS), CWO (MEX), e um remix para a música Technologic do Cosmonet e Krunch (SE). Conheça mais sobre Doktor aqui.

Mazili

Mazili, recifense de 20 anos, também usa o FL Studio na produção, mas para uma outra cena que vem ganhando o país: o rap nordestino. Ele criou o selo PE Squad, com o intuito de investir em quem ele acredita, como Diomedes Chinaski, Luiz Lins, Gustto e OG Thug, e também é dono do RAPSY, uma produtora de eventos focada na divulgação do rap regional. Com músicas ultrapassando milhões de visualizações no Youtube, como a 999, do Baco Exu do Blues, ele pretende continuar se dedicando ao que gosta e acredita.

"O rap em Pernambuco ainda não é algo cultural como o brega. Historicamente o estado só chegou no auge com Faces do Subúrbio e Zé Brown, mas, mesmo assim, ainda temos poucos representantes de Pernambuco e do Nordeste no circuito. Acho que o nosso atual e crescente reconhecimento se deve muito ao trabalho e qualidade, principalmente por a gente se dedicar bastante em lançar músicas que tenham a nossa identidade", disse Mazili, que completou: "O Nordeste sempre importou grandes artistas, só faltava chegar alguém no rap e agora que estamos chegando, vamos fazer o máximo para continuarmos crescendo".

Sobre a atual situação da música eletrônica e do rap, Mazili destacou o poder de distribuição e influência que a nova geração tem com a internet, exaltando seu ponto de vista para o futuro. “Com certeza, na próxima geração, estaremos entre os maiores, pois ainda não temos alguém que diga que seu avô ouvia rap/música eletrônica. É tudo muito novo e a gente segue aprendendo a fazer rap diariamente”, concluiu Mazili.? Conheça mais sobre Mazili aqui.

(Esta é uma reportagem vinculada da A geração da música eletrônica que viu acontecer)

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