Do polivalente Juliano Hollanda a Almério Feitosa ou Zé Manoel, nomes que começam a ganhar estatura nacional; do bem celebrado Shiko, artista paraibano, a Jeims Duarte e tantos outros nomes recentes das artes visuais não apenas de Pernambuco, mas do Brasil, uma novíssima geração criativa do Brasil está intimamente associada a um equipamento cultural olindense que poderia, com seu nome, facilmente batizá-la. No próximo domingo, quando um saldão de móveis e objetos artísticos for realizado como evento derradeiro, a geração Casa do Cachorro Preto ficará órfã. Após cinco anos de funcionamento, a galeria e “quintal” de shows fechará as portas.
"Lancei meu primeiro CD lá. É um oásis, um quintal de todas as nossas casas. Cachorro Preto redefiniu o conceito de espaço cultural em Pernambuco. É uma perda lastimável. Raoni Assis fez mais pelo desenvolvimento artístico da cidade do que quase a totalidade dos prefeitos que por lá passaram, digo isso sem medo de errar”, diz, engrossando o coro de artistas contra o que chamam de “silenciamento” promovido pela Prefeitura de Olinda dos espaços culturais na cidade.
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Há alguns meses, o secretário de Cultura, Gilberto Sobral, sensível à importância da casa, disse que estava se reunindo com outras secretarias municipais para tentar ajustar o funcionamento da Casa do Cachorro Preto à atual lei de uso do solo, rigorosa quanto à execução de música à noite no Sítio Histórico. Mas o diálogo interno não avançou em relação à questão. Após queixas da vizinhança, a Secretaria de Obras de Olinda acabou por intimar a Casa do Cachorro Preto. “O espaço comercial vem sendo alvo, desde 2013, de queixas da vizinhança sob a alegação de poluição sonora, ultrapassando o limite estabelecido de 80 decibéis. No mês de agosto do referido ano, um Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado na Polícia Civil sobre o incômodo causado aos moradores pela casa”, informou a nota oficial divulgada pela Prefeitura. “(...Apesar das inúmeras queixas, o local continuou funcionando irregularmente (...). Em 2016, foi reiterada exigência para apresentação de projeto acústico do imóvel, mas nenhuma medida para se enquadrar às normas legais foi adotada pelos responsáveis do local”.
Gestores da casa, Sheila e Raoni Assis dizem que receberam uma notificação da Prefeitura “determinando o nosso fechamento alegando ‘irregularidade’, ‘perturbação da ordem’ e ‘inadequação das atividades’” no setor do Sítio Histórico. “Passamos março, abril e maio procurando responder o que não tinha sido perguntado e debater o que foi ignorado. Procuramos as autoridades para apresentar a Casa, mostrar nossa programação, solicitar orientação para adequação às regras da cidade e nossa disposição e propósito de continuar desenvolvendo nossos trabalhos em Olinda, uma cidade com plena vocação inspiradora, que não merece ficar parada”. Agora, na casa funciona apenas um pequeno café e, eventualmente, a lojinha.