ARTIGO

Representar a mulher e seus diversos papéis é criar mundos possíveis

Mulheres ainda são mostradas em papel secundário, convocadas para servir como coadjuvante ou interesse amoroso do protagonista masculino

ANDRÉA GORENSTEIN
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ANDRÉA GORENSTEIN
Publicado em 08/03/2017 às 8:20
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Mulheres ainda são mostradas em papel secundário, convocadas para servir como coadjuvante ou interesse amoroso do protagonista masculino - FOTO: Foto: Divulgação
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A atriz americana, Geena Davis, ativista da representação da mulher na mídia, expressa as questões de representação de modo claro: “Se ela não pode ver, ela não pode ser”. Dito de outro modo, as imagens fornecidas pela mídia não apenas inspirariam, mas também teriam o efeito de limitar o mundo das mulheres expostas às representações. 

Num país ocidental e católico, as duas representações femininas mais fortes ainda vêm da religião: do Novo Testamento temos Maria, mulher que existe para cumprir a função materna, pura, abnegada e resignada diante do sofrimento. Do Antigo Testamento, temos Eva: mulher curiosa, que, por desafiar seu lugar secundário é tentada a desobedecer e conduz Adão ao pecado, levando o homem puro a se perder-se do caminho do paraíso.

 

Na mídia, como na religião, as mulheres são tradicionalmente relegadas ao papel secundário, convocadas para servir como coadjuvante ou, no máximo, interesse amoroso do protagonista masculino, à margem da tarefa heróica que ele executa. Por trás das câmeras, poucas mulheres ocupam posições centrais na indústria do cinema e da tevê, mas luta-se, cada vez mais, para que mulheres contem histórias de mulheres.

DIVERSIDADE

Mas qual é a mulher que queremos ver representada, e de que forma? Porque as mulheres são essencialmente diversas, elas existem em todas as idades, com todos os tipos de corpos, com variadas cores de pele, em todas as classes sociais e têm múltiplas aspirações. É nesta multiplicidade que precisamos nos ver, porque nos enxergarmos também tem o efeito de nos dar validade para existir. 

Desejamos dotar o universo de representações mais ricas e variadas para que nossas jovens também vivam vidas mais interessantes e complexas. Para isso, não é necessário ir muito longe, basta abrir olhos e ouvidos para escutar a história de mulheres exemplares que existem em cada esquina, no mundo todo, porque dar representação também é uma operação ideológica. A batalha por representação é uma luta para que nos vejamos existentes, validadas e respeitadas em todos os espaços, seja em casa, nas relações pessoais, no mercado de trabalho, na mídia ou na esfera política. 

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