Dois dos quatro pilares da cultura hip-hop estarão em voga neste fim de semana, em São Paulo: o rap e o breakdance. É que nesta sexta-feira (8) há a estreia do Red Bull Music FrancaMente, versão nacional do Red Bull Batalla de los Gallos, duelo de MC’s consagrado nos países de língua hispânica. Já no sábado (9) e domingo (10), a metrópole continua a ferver com a 13ª edição do Red Bull BC One Cypher Brazil, campeonato de b-boying e b-girling que escolhe, entre 16 nomes destacados da cena breakdance, aquele ou aquela que poderá representar o Brasil na disputa global, marcada para 29 de setembro, em Zurique, na Suíça.
Um dos grandes nomes do rap nacional, MC Kamau, atuante na cena desde 1997, é quem comandará a primeira edição do Red Bull Music FrancaMente, que ocorre na Galeria Principal do Red Bull Station, no centro da cidade, a partir das 20h. Para o MC, a chegada de um evento desse porte ao Brasil "representa a valorização do que acontece em várias esquinas do Brasil por puro amor à cultura, mas também uma etapa da luta que vem de muito antes dessa data e não para por aí".
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Aberto ao público, o evento reunirá 16 MC’s para batalharem, ao som das batidas do prestigiado DJ Erick Jay, diante de temas variados, pré-definidos pelo júri formado pelos rappers paulistas Max B.O e Mamuti. “Os critérios de avaliação costumam ser subjetivos e ao mesmo tempo parecidos para os jurados, mas nessa batalha conta principalmente o vocabulário e como o MC desenvolve o tema”, explica Kamau, mandando um recado para os recém-chegados no recinto: "Paguem a conta de luz pra sua mãe e digam o que realmente acreditam. Respeitem quem veio antes e quem vem depois. É o mínimo".
Assim como o rap, o breakdance também é permeado de batalhas. Na verdade, a cultura hip-hop como um todo — que, segundo Afrika Bambaataa, reconhecido como um dos padrinhos do movimento, se completa com os pilares do DJing e da escrita graffiti —, é detentora de um espírito bastante competitivo. Só que ao mesmo tempo a impressão que fica é que o clima é sempre amigável e familiar. Isso porque as crews, conjuntos de pessoas que se reúnem para praticar uma expressão artística de interesse comum (o que pode ser aplicado para os quatro pilares do hip-hop), geralmente são formadas por grupos de amigos e vizinhos.
Na edição 2018 do Red Bull BC One Cypher Brazil, que começou a ser realizado dois anos após a estreia do campeonato mundial, em 2004, 11 concorrentes selecionados pelo time de especialistas da Red Bull, cujas identidades ainda não foram reveladas, irão se juntar a outros cinco concorrentes, os grandes vencedores das Cyphers (nome do espaço circular que se forma quando a dança inicia) regionais, realizadas ao longo do ano nos quatro cantos do País. Um deles é Till, vencedor da etapa Nordeste, sediada em Fortaleza, no último dia 27.
B-boy desde 2009, quando tinha apenas 14 anos, Francisco Cleilton Verçosa, conhecido na quebrada como Till, carrega títulos de cinco campeonatos, mas nunca havia participado de uma competição artística de alto nível. "Conheci o hip hop ainda na infância, numa instituição que contava com atividades artísticas. Ingressei nela porque minha família não tinha boa renda financeira e esse contato mudou a minha vida. Ser b-boy é minha vida e se depender de mim vou passar a vida dançando", conta Till, ao comentar que trabalha com animação no Beach Park. "O tempo que tenho para treinar é muito pouco. Mas querendo ou não meu trabalho já é um tipo de preparação, pois lá apresento vários estilos de expressão corporal, do breaking à capoeira".
Além de Till, outros três integrantes foram selecionados nas regionais do Sul, Norte e Centro-Oeste. São eles: Allef (MA), campeão da eliminatória disputada em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul; Kekeu (PA), que conquistou seu espaço em casa, em Belém; e Rato (MG), vencedor da seletiva em Brasília. O vencedor da etapa Sudeste será conhecido no sábado, às 16h30, quando ocorre a última eliminatória antes da final nacional.
Todos os competidores serão julgados por critérios que contemplam presença de palco, originalidade, musicalidade e performance. Compõem o júri três estrelas do breakdance: os brasileiros Pelezinho, membro do time Red Bull BC One All Stars que já disputou quatro edições do BC One mundial; e FaBgirl, primeira b-girl a representar o Brasil no exterior e fundadora do BsBgirls, grupo de breakdance feminino e feminista; e o mexicano naturalizado americano Roxrite, campeão do Mundial de 2011 que acumula mais de 100 títulos na carreira.
Confira alguns movimentos dos célebres jurados do BC One:
Transmissão
Ao longo do fim de semana, também haverá batalhas de outras modalidades de dança, como o popping, o house e o hip-hop, além de duelos entre casais (chamado de Bonnie e Clyde), que darão prêmios em dinheiro aos vencedores. Outra atração é uma batalha somente de b-girls, que também irá levar uma dançarina para competir no mundial na Suíça. Ademais, palestras e workshops com especialistas, a exemplo de FaBgirl e Pelezinho, serão oferecidos ao público, gratuitamente. Tanto a batalha de b-girls, que começa às 18h50 do domingo, quanto a grande final, a partir das 20h15 do mesmo dia, serão transmitidas ao vivo nas páginas do Red Bull Station e Red Bull BC One no Facebook, respectivamente.