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FIG 2018: 'Auê' encanta o público na abertura, que contou com protesto

Barca dos Corações Partidos (RJ) quebra o clima após vaias

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 20/07/2018 às 8:57
Rodrigo Ramos/Secult-PE
Barca dos Corações Partidos (RJ) quebra o clima após vaias - FOTO: Rodrigo Ramos/Secult-PE
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O caminho até a realização do 28º Festival de Inverno de Garanhuns foi tortuoso. O evento tem como homenageada desta edição a liberdade, por entender que ela está sob ameaça no Brasil. No entanto, a pressão da prefeitura da cidade e a igreja católica, que exigiram (e conseguiram) a retirada da peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu (RJ), com a atriz trans Renata Carvalho, da programação oficial, de certa forma maculou essa proposta. Tanto é que, na abertura da maratona cultural, quinta-feira (19), no Teatro Luiz Souto Dourado, toda vez que a palavra liberdade era falada, muitas vaias irrompiam.

A demonstração de parte do público de que não compactuava com o conservadorismo é um bom sinal e também reforça que o festival ainda é um espaço plural. Logo após a introdução, o grupo Barca dos Corações Partidos (RJ) entrou no palco para apresentar Auê. O trabalho promove uma simbiose de música, teatro e performance e foi uma ótima escolha para destacar a tradição de diversidade de linguagens do festival.

Adrén Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, o pernambucano Eduardo Rios; Fábio Enriquez, Ricca Barros e Renato Luciano, que se revezam nos papeis de atores-músicos, são de uma entrega total no palco.

Sob a direção de Duda Maia, tocam vários instrumentos, cantam e usam seus corpos como potencializadores das mensagens contidas nas 21 músicas compostas por eles e que dão liga ao espetáculo.

VOLTA POR CIMA

Auê é, acima de tudo, uma celebração e fala sobre os altos e baixos do amor. Em um momento delicado para o país – e que respingou no FIG 2018 – a boa energia emanada pela Barca, espera-se, pode ser um bom indicativo de que, apesar dos pesares, a autodeterminação, o respeito e a diversidade vão prevalecer. Se servir como amostra, a resposta do público presente, muito calorosa, prova que isso é, sim, possível.

Ainda na noite de abertura, Wagner Tiso (piano), Márcio Malard (violoncelo) e Victor Biglione (violão/guitarra) abriram a programação do Conservatório Pernambucano de Música, na Catedral de Santo Antônio.

 

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