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Empreendedorismo: a palavra que virou moda e polêmica

Vontade de ter o próprio negócio ajudaram a popularização do termo. Mas o que ele realmente significa?

Da editoria de economia
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Publicado em 11/09/2016 às 7:47
Foto: Heudes Regis/ JC Imagens
Vontade de ter o próprio negócio ajudaram a popularização do termo. Mas o que ele realmente significa? - FOTO: Foto: Heudes Regis/ JC Imagens
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A palavra pode não ser das mais bonitas, mas pegou: “empreendedorismo” é o termo da vez. Em meio à crise, muita gente está apostando no próprio negócio como uma alternativa de sobrevivência, fazendo com que se multipliquem celebridades e eventos para falar sobre o tal “espírito empreendedor”. Para muita gente, essa seria a chave do sucesso. Mas especialistas e empresários reconhecidos são unânimes em dizer: não existe segredo, a receita é trabalhar e ser persistente.

Ícone jovem desse universo, a brasileira Bel Pesce – que ficou conhecida como “a menina do Vale”, em referência à região dos EUA onde estudou – virou foco de polêmica nas últimas duas semanas. Considerada um prodígio pela pouca idade (24 anos) e vasta formação, ela teve a experiência colocada em dúvida. À parte a desconfiança ter ou não sido comprovada, a discussão mostra como a febre do empreendedorismo ganhou espaço no País.

“Essa palavra surgiu a partir de uma pesquisa das Nações Unidas iniciada em 1989. O objetivo era saber o que havia em comum entre os empresários bem sucedidos. Havia a hipótese de que fatores como valor inicial investido ou tempo de formação fossem determinantes. Mas descobriram que o sucesso dependia muito mais de fatores comportamentais”, conta o analista do Sebrae-PE, Valdir Cavalcanti.

Segundo ele, na lista das características determinantes que um empreendedor deve ter estão a capacidade de planejar, de persuadir e identificar oportunidades. “Muita gente chega perguntando qual o negócio rentável. Essa resposta não existe”, brinca Cavalcanti, afirmando que, sem uma boa gestão, não há garantia de sucesso em nenhum ramo.

Dono da maior empresa do Polo de Confecções do Agreste, a Rota do Mar, o empresário Arnado Xavier reforça que é preciso gostar muito da área de atuação para que o negócio perdure. 

“Antes de tudo, é preciso querer. Muita gente não quer realmente trabalhar com determinada coisa e fica esperando que o sucesso caia na cabeça. É preciso saber que no início vai ser preciso renunciar a muita coisa e trabalhar muito para que tudo dê certo”, afirma o empresário.

A empresa de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, foi fundada por Xavier há 20 anos – muito antes de empreendedorismo virar moda. Atualmente, emprega direta e indiretamente 800 pessoas, faturando R$ 40 milhões por ano. Mesmo assim, ele acredita que o crescimento do interesse – e das capacitações na área – são positivas para melhorar o preparo dos aspirantes a empresários.

DEFINIÇÕES

“São as três palavras da moda: empreendedorismo, inovação e estratégico”, provoca o professor de administração da PUC São Paulo e fundador da Flowan – empresa de capacitação em gestão –, Fabrício César Bastos. Eles destaca que há, sim, uma relação entre os termos, mas cada um pode ser encontrado e explorado por perfis diferentes de pessoas.

Na opinião dele, é preciso compreender em qual dessas áreas está sua maior potencialidade e tentar melhorar o restante. “Uma pessoa pode ser muito boa em ter novas ideias, em inovar, mas não ter o mesmo talento para executar isso. Outras pessoas não são criativas, mas objetivas e, quando recebem uma tarefa, conseguem executar bem”, explica o professor.

Ele também ressalta que um bom empreendedor costuma ter todos esses elementos juntos e faz o próprio negócio acontecer. Para isso, o professor recomenda que o negócio escolhido atenda a três requisito básicos: ele precisa ter praticidade, viabilidade e “desejabilidade”. “Não adianta criar algo que não seja prático de usar, viável de ser executado ou, ainda, e mais importante, que não seja do desejo das pessoas”, afirma.

Mas, para o especialista, não é apenas o contexto da crise e o desemprego que estão motivando as pessoas a se tornarem empreendedoras. “Há hoje um abismo dentro das empresas entre o que as pessoas querem e o que é oferecido. Muita gente não vê mais sentido de estar em determinado lugar”, pondera Bastos.

Seja qual for a motivação que está levando tantos brasileiros a se interessarem em empreender, inovar e se tornarem estratégicos, a vontade de se arriscar para além de um emprego com carteira assinada e sair da zona de conforto é vista como positiva pelo especialista.

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