O professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Geraldo Biasoto Júnior afirmou que a decisão do presidente Michel Temer de retirar servidores públicos municipais e estaduais da Reforma da Previdência, anunciada na noite dessa terça-feira (21), mostra que a proposta perde força.
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"Na verdade a reforma está desmoronando, pois já pouparam militares, judiciário e, agora, esses servidores", disse. "É um desastre, porque a equipe econômica disse que não poderia mudar (o projeto original) e não conseguiu", completou.
Biasoto, que é contrário ao projeto de reforma, por, segundo ele, não atacar o financiamento da Previdência, avaliou que "do ponto de vista político, para o governo a retirada dos servidores públicos estaduais e federais melhora as condições de aprovação" no Congresso. Segundo o economista, deputados federais possuem uma base muito forte dessas categorias em seus redutos eleitorais e serão mais maleáveis para a aprovar o projeto.
"É muito mais fácil o deputado federal votar contra o previdenciário comum da Previdência Social do que contra o previdenciário estadual que compõe sua base eleitoral, por exemplo", disse. "Mas, se um governo eleito já teria dificuldade de fazer uma reforma como essa, imagine o governo tampão?" concluiu o professor da Unicamp.
Temer retira servidor estadual e municipal da reforma
Em um pronunciamento de surpresa, acompanhado por vários ministros e líderes da base aliada no Congresso, o presidente Michel Temer (PMDB) anunciou que não mais incluirá os servidores de órgãos estaduais e municipais no projeto da Reforma da Previdência, somente os servidores federais, cuja regra vale também para os trabalhadores da iniciativa privada.
Com a decisão, o governo federal joga a responsabilidade - e o desgaste político - de uma reforma previdenciária para categorias como professores, policiais militares, servidores dos Tribunais de Justiça e guardas municipais para os governos estaduais e prefeituras.