O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, disse nesta quinta-feira (10), em São Paulo, que o setor elétrico brasileiro vive um desafio enorme e que, dos três elos da cadeia produtiva (geração, distribuição e transmissão), talvez a transmissão seja o que tem situação mais confortável.
Segundo ele, as distribuidoras passam por momento delicado, seja pela recessão econômica que as levou a uma sobrecontratação nunca vista antes, seja pelo setor de geração com problemas ocasionados pela Medida Provisória 579, que inviabilizou empresas que venderam ao consumidor energia supostamente mais barata.
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“Também foi vendido um modelo de subsídio que não aguentamos mais pagar. O consumidor paga mais subsídio do que energia. Isso é completamente irracional e penaliza o setor produtivo. Não queremos repetir esse modelo que nos trouxe até aqui”, disse durante o 5º Fórum de Infraestrutura e Logística.
Fernando Coelho ressaltou que, ao assumir, o governo atual encontrou a Eletrobras em situação delicada, com 24 mil funcionários cuidando de uma área que não é a sua vocação (distribuição) e com R$ 22 milhões de prejuízo, atuando com péssima qualidade em seis estados.
“Iniciamos o processo de privatização para que possamos virar essa página de uma vez por todas. A Eletrobras tem papel social, mas tem que remunerar seu capital e tem que visar o lucro e retorno para seus acionistas. Estamos fazendo isso com um time de profissionais excelentes”, explicou.
Avanços
Durante sua palestra, o ministro de Minas e Energia disse que o governo já conseguiu apontar alguns avanços em termos de governança que foram criados para o setor, instituindo inclusive um conselho administrativo na Eletrobras, o que possibilitou que a empresa contabilizasse lucro do ano passado até o momento.
“Retomamos a credibilidade do investidor internacional e nacional. Também anunciamos a volta dos leilões de compra de energia nova, pela necessidade de o país estar preparado para o crescimento que devemos ter a partir de 2021”, afirmou.
Ele reforçou ainda a consulta pública aberta pelo ministério sobre uma proposta de reformulação do setor elétrico, com ênfase na alocação correta dos riscos entre os agentes da racionalidade econômica para que o governo possa apoiar o que for necessário e a migração para o mercado livre levando a responsabilidade pela segurança do setor. “Senão, vamos ter as pessoas que podem mais deixando de pagar pela segurança do setor e deixando o ônus a custo daqueles que não tem condição”.