As obras da Adutora do Agreste foram retomadas. Depois da Transposição do Rio São Francisco, é o empreendimento hídrico mais importante para os pernambucanos, porque vai levar água para uma parte daquela região que está passando por uma das piores estiagens da sua história com mais de 50 municípios em situação de colapso e pré-colapso no abastecimento de água. A paralisação ocorreu em outubro de 2015 por falta de repasses do governo federal e as obras tinham diminuído o ritmo desde 2014 pelo mesmo motivo.
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Os lotes em que as obras foram retomadas são: 1 (Mimoso a Belo Jardim), o 2 (Mimoso a Arcoverde) e o 4 o qual passa por Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. “Recebemos R$ 25 milhões no mês passado e R$ 30 milhões este mês para as obras da Adutora do Agreste. Isso nos deu uma capacidade financeira capaz de planejar os próximos meses”, afirmou ontem o presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Roberto Tavares, em entrevista ao Programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, apresentado pelo radialista Geraldo Freire. Um dia antes, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, tinha afirmado, no mesmo programa, que a Transposição do Rio São Francisco ficaria pronta no primeiro semestre de 2017 e que o governo federal daria prioridade na conclusão das obras que precisassem até R$ 10 milhões. A primeira fase da Adutora do Agreste – que está em obras – precisa de um aporte de R$ 720 milhões para ser concluída.
“É um equívoco achar que o problema hídrico de Pernambuco será resolvido com a conclusão da Transposição do Rio São Francisco. Sem a Adutora do Agreste, a água não vai chegar nas cidades que estão precisando”, revelou Roberto Tavares, acrescentando que isso não é uma crítica ao ministro das Cidades, Bruno Araújo, mas “um apelo” para que as obras importantes em Pernambuco sejam retomadas. A transposição consiste na construção de dois grandes canais: o Eixo Leste, que capta a água em Floresta levando-a até Monteiro, na Paraíba, e o Eixo Norte, o qual começa em Floresta e segue até municípios do Ceará e Rio Grande do Norte.
RAMAL DO AGRESTE
No projeto inicial, a Adutora do Agreste receberia a água do Ramal do Agreste – que ligaria Sertânia, onde ficaria a captação da água no Eixo Leste – a Arcoverde, cidade que marca o início da Adutora do Agreste. O Ramal do Agreste não saiu do papel e não há previsão do início dessa obra pela União.
Enquanto o Ramal do Agreste não se concretiza, o governo do Estado iniciou a construção da Adutora do Moxotó, que capta a água na barragem de mesmo nome, em Sertânia, e levará a água até Arcoverde com a capacidade de transportar 0,45 metro cúbico por segundo. “Essa barragem faz parte da transposição e está praticamente pronta. Só falta a água”, diz o diretor Técnico e de Engenharia da Compesa, Rômulo Aurélio Souza. A água deve chegar lá quando a transposição estiver pronta. A partir de Arcoverde, a água que sairia da Barragem do Moxotó seria colocada na Adutora do Agreste chegando a vários municípios daquela região.
As obras da primeira etapa da Adutora do Agreste começaram em 2013 e a expectativa era de que fossem concluídas em 2015. Essa primeira fase contemplaria 23 municípios e aproximadamente 1 milhão de habitantes. Este ano, a Adutora do Agreste recebeu R$ 104 milhões do governo federal, dos quais R$ 55 milhões foram liberados nos últimos dois meses. O governo de Pernambuco tinha pedido R$ 120 milhões para realizar a obra este ano.