“Quero que me apontem qual foi o investimento no Rio São Francisco que a Chesf fez ao longo de seus 69 anos de existência”. Essa foi a resposta do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (PSB), sobre o receio de insegurança hídrica causada pela participação da companhia no processo de desestatização da Eletrobras. O ministro negou que a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco possa ser retirada do pacote de privatizações, como pede o texto da carta elaborada pelos governadores do Nordeste e entregue ao presidente Michel Temer (PMDB) no último dia 5.
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O comentário do ministro foi mal recebido por ex-diretores da companhia, que consideraram “lamentável” e “injusta” a acusação. “Eu lamento, pela extrema consideração que tenho com a família Coelho, que o ministro tenha feito uma declaração dessas”, retrucou o ex-diretor da Chesf João Paulo Aguiar, que faz questão de mencionar ações como o replantio de mais de um milhão de mudas de mata ciliar, acompanhamento da qualidade de água e saneamento das comunidades deslocadas pelas obras da companhia.
Outro ex-diretor destacou a ligação histórica que a família Coelho tem com as águas do Velho Chico, o que não seria possível se a Chesf não tivesse garantido uma gestão de qualidade das águas e prezando pelo cuidado ambiental com o rio. Procurada, a Chesf preferiu não se pronunciar sobre as declarações de Fernando Filho.
Segundo o ministro, a retirada da Chesf do programa de privatizações criaria um precedente que acarretaria no pedido de outras regiões para a exclusão de outras estatais. O modelo do processo de privatização, segundo o ministro, será divulgado até o fim deste mês e incluirá um programa de revitalização.
“E hoje, no momento de grande dificuldade financeira que a Chesf passa, acho que mais difícil ainda será poder cuidar do rio de agora em diante. O que nós queremos é uma Eletrobras que possa ser eficiente, gerar mais empregos e que possa fazer os seus investimentos”, reforçou o ministro.