As estreias das seleções favoritas ao título na Copa do Mundo da Rússia deixaram no ar a leve impressão de que este pode ser um Mundial mais propenso a zebras. Diferente do que apontavam os prognósticos mais óbvios, apenas a França conseguiu a vitória na primeira rodada da fase de grupos, que se encerra hoje. Bateu a Austrália, de forma atabalhoada, por 2x1. Já Espanha, Argentina e Brasil empataram os duelos contra Portugal, Islândia e Suíça, nessa ordem. A grande surpresa, porém, veio com a derrota da atual campeã mundial, Alemanha, para o México.
Além de inesperados, esses resultados lançam a perspectiva de encontros antes improváveis já nas oitavas de final. Se o Brasil se recuperar e conquistar a liderança do Grupo E, uma possível classificação da Alemanha em segundo lugar no F anteciparia o encontro entre os países. O mesmo pode se desenhar nos cruzamentos das chaves C e D, com França e Argentina tendo de se enfrentar por uma vaga nas quartas.
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Como ainda faltam dois duelos para cada uma das favoritas até que as previsões ganhem contornos mais concretos, jogadores e comissões técnicas têm focado em diagnosticar o que deu errado nas estreias. A única equipe que não se mostrou tão preocupada com o empate por 3x3 no primeiro duelo foi a Espanha. A campeã de 2010 teve, logo no primeiro embate, a seleção de Portugal. Apesar de ser considerado um time intermediário, os lusos contam com o talento de Cristiano Ronaldo como grande diferencial. Tanto que os três gols dos gajos na partida foram dele, em lances individuais.
Segunda favorita a estrear, a França entrou em campo contra a Austrália, pelo Grupo C, com alterações que renderam críticas a Didier Deschamps. Ele substituiu a experiência de Matuidi e Giroud por Tolisso e Dembélé e deixou o time titular ainda mais jovem, com média de 24 anos. O trio de ataque formado por Mbappé, Griezmann e Dembélé até que se movimentou bem, mas não conseguiu uma conexão com o restante da equipe. No fim, o gol de Pogba quando o placar estava 1x1, após pênalti infantil de Umtiti, livrou a França de ser mais uma favorita a empatar.
A Argentina entrou no gramado na sequência, pelo Grupo D, e empatou por 1x1 com a estreante Islândia, bem compactada e postada defensivamente. A seleção albiceleste também criou pouco, não teve intensidade, nem velocidade em boa parte das jogadas. Grande estrela do time, Messi esteve muito marcado. Bastava o camisa 10 ficar com a bola para ser cercado por três islandeses. Após o gol inicial de Agüero e o empate de Finnbogarson, ele ainda teve a chance de sacramentar a vitória argentina em cobrança de pênalti, mas desperdiçou.
O jogo da Alemanha contra o México, pelo Grupo F, foi um drama à parte. Os atuais campeões mundiais jogaram o tempo inteiro no campo de ataque, mas não obtiveram êxito nas finalizações. Muito em razão da boa marcação do time adversário, que apostou nas brechas encontradas para armar os contra-ataques. Um deles foi fulminante, se encerrado no fundo das redes alemãs após chute do jovem Lozano, de 22 anos. Os próprios comandados de Joachim Löw reconheceram as falhas de finalização e do setor defensivo. Após a partida, o zagueiro Mats Hummels chegou a reclamar que, em muitos momentos do jogo com os mexicanos, ficaram apenas ele e Boateng lá atrás. O defensor apontou que esse erro também foi apresentado pela equipe nos dois jogos amistosos antes da estreia na Copa. Na derrota por 2x1 contra Áustria e na vitória apertada, pelo mesmo placar, diante da Arábia Saudita.
Na estreia da seleção brasileira, pela chave E, as atuações apagadas de jogadores como Marcelo, Gabriel Jesus e Neymar limitaram o poder de reação do País após a Suíça empatar por 1x1 aos cinco minutos do segundo tempo. Ainda que haja dúvidas sobre a legalidade do tento adversário - devido ao empurrão de Steven Zuber em Miranda - Alisson não saiu do gol no lance e Thiago Silva deixou o jogador livre para testar até o fundo das redes.