Rússia 2018

Copa da Rússia evidencia mistura de povos nas seleções

França foi o país que mais 'emprestou' jogadores a outros países

JC Online
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Publicado em 08/07/2018 às 9:44
AFP
França foi o país que mais 'emprestou' jogadores a outros países - FOTO: AFP
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O regulamento da Fifa é claro: as seleções classificadas para a Copa do Mundo só podem levar ao evento 23 jogadores. Mas não é raro um mesmo país superar esse número em representantes, em razão da dupla nacionalidade de muitos atletas. No Mundial da Rússia, esse fato ficou extremamente evidente. Das 32 equipes credenciadas, apenas Brasil, Alemanha, México, Suécia e Bélgica não contaram com estrangeiros. Já o campeão em “importar” jogadores foi o Marrocos. A equipe teve 17 integrantes nascidos em outros países representando a sua bandeira. A França, por outro lado, ficou com o posto de nação que mais “emprestou” atletas a outras federações. Ao todo, foram 29.

Apesar de nem ter se classificado para a Copa da Rússia, a Holanda, de certa forma, esteve no Mundial. Foi o segundo país a ceder jogadores a outras nações. Cinco holandeses atuaram por Marrocos e dois pela Nigéria. O Brasil fecha o top 3 da lista, com cinco atletas jogando por outras bandeiras. Diego Costa e Rodrigo Moreno defenderam a Espanha, Pepe jogou por Portugal, Thiago Cionek pela Polônia e Mário Fernandes na Rússia.

"Hoje eu sou russo e só tenho de agradecer o carinho e apoio que sempre tive de todos aqui. Gostam muito de mim e só tenho de corresponder”, disse Mário, em entrevista à Folha de São Paulo. O jogador tem a naturalidade russa desde 2012 e, diferente dos demais, chegou a defender a seleção brasileira. Em 2011 esteve no primeiro dos dois amistosos da canarinho, do então técnico Mano Menezes, contra a Argentina. Mas se negou a participar do segundo duelo, alegando motivos pessoais.

Diferente de Mário Fernandes, que rejeitou a oportunidade de representar a seleção de seu país natal, muitos franceses buscaram outras bandeiras para jogar a Copa da Rússia justamente porque não encontraram espaço na campeã mundial de 1998. É o caso do zagueiro Salif Sané. Nascido em Lormont (FRA), o defensor aproveitou a nacionalidade senegalesa para estrear no Mundial pelo país de seus descendentes. Desde criança, ele já tinha determinado que seguiria os passos do irmão mais velho, Lamine Sané, que também nasceu em território francês e já defendia a seleção senegalesa. Eles chegaram a atuar juntos pela equipe no Campeonato Africano das Nações de 2015.

Assim como Sané, muitos franceses de origem africana tomaram esse caminho. É na forte colonização empreendida pela França na África, no século XIX, que reside a explicação para tantos jogadores nascidos no país europeu atuarem por nações africanas. O Senegal, que teve oito jogadores nascidos em solo francês sob sua bandeira na Copa, só surgiu como república autônoma em 1958. No mesmo período, os dominadores franceses também abriram mão da Tunísia. O país foi o recordista em jogadores da França na Copa, com nove atletas.

RAÍZES

As raízes africanas também são verificadas na seleção da França. Graças à forte imigração desses povos para o país, a campeã mundial de 1998 foi para a Copa da Rússia com 19 jogadores que também poderiam atuar pelos países de seus ancestrais. Paul Pogba, por exemplo, é filho de guineenses. Já os pais de N’Golo Kanté chegaram de Mali em 1980. Blaise Matuidi, por sua vez, tem mãe angolona e pai congolês, enquanto a grande promessa Kylian Mbappé tem pai camaronês e mãe argelina.

O contraexemplo à França é a equipe do Marrocos, que chegou à Rússia com apenas seis atletas nascido no país. Apesar de o futebol ser uma febre por lá e estar em franca ascensão, a federação local ainda não produziu atletas com nível para atuar em grandes eventos.

Em resposta às nações que passaram a naturalizar jogadores para reforçar seus elencos, a Fifa, em 2004, começou a exigir que os atletas demonstrassem ligação com o país que desejavam defender. Outro requisito é que eles não tenham atuado em competições oficiais por outro país nas categorias adultas.

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