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Mãe e filhas reunidas pelo esporte paralímpico

Olga, Bia e Polly são destaques do paradesporto do Estado. Elas dividem uma rotina difícil, marcada pela doença rara amiotrofia espinhal distal e os desafios do esporte

JC Online
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Publicado em 03/06/2017 às 17:48
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Olga, Bia e Polly são destaques do paradesporto do Estado. Elas dividem uma rotina difícil, marcada pela doença rara amiotrofia espinhal distal e os desafios do esporte - FOTO: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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“Eu quero ser a melhor e não vou parar até alcançar esse objetivo”. A declaração determinada é da nadadora Olga Regina. Aos 17 anos, ela é um dos destaques do paradesporto pernambucano e, além das inúmeras medalhas que coleciona, assume o papel de referência esportiva para a mãe, Pollyana, e para a irmã mais nova, Ana Beatriz. Juntas, as três dividem uma rotina nada fácil, marcada pela doença rara amiotrofia espinhal distal e os desafios para continuar evoluindo na natação. Esta é a segunda reportagem da série Além dos Limites, que apresenta três histórias sobre como a vontade de superar obstáculos pode ser transformada em motivação para realizar o impossível.

Embora a amiotrofia comprometa os movimentos dos membros inferiores, o maior desafio das nadadoras é conseguir o transporte de Carpina, na Zona da Mata do Estado, para o Centro Esportivo Santos Dumont, no Recife, onde elas treinam com a professora Sandra Campos. Pelo menos três vezes na semana, as para-atletas dependem de uma carona que se responsabilize pela condução. Nem sempre há essa disponibilidade e elas esbarram na falta de apoio.

Por enquanto, as atividades no Santos Dumont estão suspensas e elas contam com o apoio da amiga Sueli Mattos, que oferece a estrutura da Academia Mattos para os treinos de musculação e natação. No âmbito financeiro, Olga recebe os benefícios do bolsa atleta estadual e federal. Esta semana, ela conseguiu um patrocínio por intermédio do Programa Amigo do Esporte, da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer, que prevê a mensalidade de R$ 1 mil para ajudar com as despesas no período de um ano. A família comemorou a novidade. “Vai ajudar bastante e estamos muito felizes porque não vamos ter preocupação com passagens e outras despesas de competições”, observou Pollyana.

Já as viagens para o Recife são necessárias porque os treinos no Santos Dumont fazem parte da evolução no esporte. Antes da reforma no equipamento, elas contavam com o ônibus da prefeitura. “Mas eles só disponibilizaram o transporte por uma semana”, pontuou Polly. Depois, passaram a depender de uma carona. “Nesse caso, o custo da viagem fica muito caro. Cada ida fica por R$ 200,00, porque colocamos a gasolina e ainda tem a alimentação. Fica muito pesado no final do mês”, completou. 

REFERÊNCIA

Olga começou a nadar há cinco anos para melhorar as funções motoras comprometidas pela amiotrofia. A doença é degenerativa e tem origem genética, por isso mãe e filhas apresentam o mesmo diagnóstico. Embora tenham dificuldade para andar, elas garantem que a amiotrofia é apenas um detalhe na trajetória vencedora da família. “Mesmo com qualquer deficiência, não se deve pensar em desistir. É assim que a gente pensa. Às vezes paraliso e falta energia, mas eu me apego nas pequenas coisas para continuar. Depois que passa e eu consigo encarar uma competição ou uma situação ruim, a sensação é indescritível”, comentou Polly.

EXEMPLO E INSPIRAÇÃO 

A história das nadadoras de Carpina, na Zona da Mata de Pernambuco, começou quando Olga foi descoberta por Sueli dos Santos, amiga da família e proprietária da Academia Mattos, onde costumam treinar. Ela competiu, venceu e gostou do esporte. Semanas depois participou de um torneio no Recife e conheceu a professora Sandra Costa, do Centro Esportivo Santos Dumont. Mais uma vez se sagrou campeã. Com a evolução, a nadadora conquistou medalhas, troféus e ofereceu nova oportunidade para a família.

A mãe Polly, por exemplo, pratica exercícios e faz natação há pelo menos 10 anos. Os altos e baixos da doença, no entanto, não permitiam que ela mantivesse uma regularidade nos treinos. A caçula Bia também resistiu para testar o esporte. Não queria nadar simplesmente porque desacreditava na habilidade de cruzar uma piscina. Olga inspirou e incentivou mãe e irmã.

Hoje, juntas, elas formam uma equipe vencedora no esporte e na vida. “Eu gosto de ser exemplo na minha casa. Bia não queria e eu insisti que seria legal e ela aceitou tentar. Agora é como se elas quisessem chegar onde eu cheguei. E eu não pretendo parar. Vou continuar sempre. Eu penso que vou parar quando eu for a melhor e ficar velhinha. Porque a piscina, a natação, os treinos, me ajudam muito no desempenho da doença, no desempenho do dia a dia”, ressaltou a para-atleta.

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