Série A

Crise financeira afundou o Sport

Reputação de bom pagador do Leão foi esquecida em 2018

Filipe Farias
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Filipe Farias
Publicado em 03/12/2018 às 7:08
Alexandre Gondim/JC Imagem
Reputação de bom pagador do Leão foi esquecida em 2018 - FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Sabe aquela fama de bom pagador, de um clube saneado que honrava os seus compromissos e de que todo jogador gostaria de um dia vestir a camisa? Pois bem, essa reputação, o Sport não tem mais. A gestão do presidente Arnaldo Barros conseguiu, em dois anos, acabar com um legado construído ao longo de uma década. Se antes, os rubro-negros se orgulhavam de ser referência de organização, estrutura e boa administração, não só na Região Nordeste, mas em todo País; agora, o clube se envergonha de ver funcionários e jogadores convivendo com três meses de salários atrasados.

Na verdade, a bolha administrativa do Leão começou a inflar na gestão de João Humberto Martorelli, que passou a implementar um modelo de contratações ostentação, a começar pelo comando-técnico, com a chegada do contestado e caro Paulo Roberto Falcão. Além dele, o clube fez investimento em outros nomes no mínimo questionáveis: os colombianos Henríquez e Lenis, o costarriquenho Rodney Wallace, o chileno Mark González, além do lateral Maicon e dos atacantes Túlio de Melo, Vinícius Júnior, Johnathan Goiano. A folha chegou a ser de R$ 5 milhões. Tiveram outros técnicos medalhões: Ney Franco, Vanderlei Luxemburgo, Oswaldo de Oliveira, Nelsinho Baptista - todos ganhando acima dos R$ 300 mil.

Com tantas contratações equivocadas e sem retorno para o clube, o caixa do Sport a cada temporada esvaziava. Fato que revoltou ex-presidentes leoninos. “Vivemos dois, três anos de irresponsabilidades, fazendo contratações malfeitas. Não pode continuar esse desmando financeiro, essa orgia administrativa que está acontecendo no clube”, esbravejou Luciano Bivar, ainda em março.

Quem também contestou a política de contratações implementada por Martorelli e também adotada por Arnaldo Barros foi o ex-mandatário campeão da Copa do Brasil de 2008. “Desde que estava na presidência do Sport existia um compromisso e uma responsabilidade com as finanças do clube. E isso perdurou nas gestões seguintes. Mas, quando esse grupo chegou, as coisas mudaram. A folha do elenco já chegou a R$ 5 milhões, com diversos atletas midiáticos. Inflaram a bolha e agora ela estourou. Só espero que o próximo presidente não pegue o clube tão acabado”, falou Milton Bivar, em abril, após as eliminações do Sport do Estadual e da Copa do Brasil.

E, como previsto, essa bolha estourou. O resultado: jogadores e funcionários sendo obrigados a conviver um ano inteiro com os atrasos salariais - chegaram aos três meses. “A situação do Sport é constrangedora. Como pode em tão pouco tempo o clube entrar em um tsunami financeiro?”, disparou o ex-presidente Wanderson Lacerda. “Arnaldo não poderia comprometer ainda mais o Sport financeiramente, pois isso pode ter consequência nos próximos dez anos. Basta ver os nossos coirmãos Náutico e Santa Cruz, que estão na Terceira Divisão”, falou Homero Lacerda, ex-mandatário do Conselho Deliberativo na atual gestão.

FUTURO

No último balanço financeiro divulgado pelo Sport - referente a 2017 -, o clube apresentou um déficit (receita x despesa) anual de R$ 18 milhões, além de um aumento no passivo de quase R$ 60 milhões. Como essa temporada foi um fiasco dentro e fora de campo, o próximo presidente terá de ter habilidade para reorganizar as contas do Leão.

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