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CNJ vai investigar desembargadora que acusou Marielle

Marília ainda é alvo de críticas por outras postagens publicadas em seu perfil no Facebook: ela teria questionado a capacidade de uma professora com síndrome de Down e afirmado que a Lei Maria da Penha é covardemente usada contra homens

JC Online
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Publicado em 21/03/2018 às 9:50
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Marília ainda é alvo de críticas por outras postagens publicadas em seu perfil no Facebook: ela teria questionado a capacidade de uma professora com síndrome de Down e afirmado que a Lei Maria da Penha é “covardemente usada contra homens” - FOTO: Foto: Reprodução
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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu ontem um processo para investigar as acusações contra Marielle Franco feitas pela desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio, em um comentário publicado no Facebook. Ela afirmou que a vereadora “estava engajada com bandidos” e que foi eleita com o apoio do tráfico.

Além disso, escreveu que o comportamento da vítima “foi determinante para o seu trágico fim”. A investigação do CNJ foi determinada pelo ministro João Otávio de Noronha, corregedor nacional de Justiça. O conselho recebeu do PSOL e da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia pedidos de abertura de um processo disciplinar contra Marília. Ontem, o TJ do Rio informou, em nota, que não iria se manifestar sobre “a declaração pessoal da desembargadora”. O gabinete da magistrada também avisou que ela não falaria.

Após a grande repercussão de seu comentário sobre Marielle, a desembargadora divulgou um comunicado no qual afirmou que “deveria ter esperado o fim das investigações policiais antes de opinar na condição de cidadã”.
Marília ainda é alvo de críticas por outras postagens publicadas em seu perfil no Facebook: ela teria questionado a capacidade de uma professora com síndrome de Down e afirmado que a Lei Maria da Penha é “covardemente usada contra homens”.
A Associação dos Magistrados de Pernambuco (AMEPE) divulgou nota de repúdio, ontem, a opiniões preconceituosas.

“Manifestações isoladas e discriminatórias sobre o assassinato da vereadora ou sobre o trabalho da primeira professora com síndrome de Down do País, Débora Seabra, não representam a magistratura e não podem macular a imagem dos integrantes do Poder Judiciário”, diz a nota, completando: “o direito à livre opinião nunca poderá se sobrepor à verdade dos fatos ainda em apuração e ao respeito pela dignidade da pessoa humana”.

DEPOIMENTOS

A arquiteta Mônica Tereza Benício, companheira da vereadora Marielle Franco, prestou depoimento ontem, na Divisão de Homicídios do Rio. Muito abalada, ela chegou cercada de amigos e não quis dar entrevista. “A família toda está dilacerada”, disse o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que também esteve na delegacia. Uma assessora da vereadora também prestou depoimento. Outros funcionários do PSOL, amigos e parentes de Marielle deverão ser chamados a depor nos próximos dias. Nesta fase da investigação, a polícia tenta estabelecer possíveis motivos para o crime.

As manifestações à memória da vereadora assassinada continuaram ontem no Rio. Com o apoio de um carro de som, os manifestantes se concentraram junto à Igreja da Candelária e depois seguiram pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia, onde foi marcado um ato ecumênico.

Carregando faixas e cartazes pedindo justiça e vestindo camisetas estampadas com o rosto de Marielle, os manifestantes lembraram a luta da vereadora pelo direito da população negra, pobre, moradores de favelas e LGBTs.

Já o pré-candidato à Presidência da República, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou ontem que vai manter o silêncio sobre a morte da vereadora. “Vou continuar silente”, afirmou. “No ano passado teve enterro de uns 20 PMs (policiais militares), nenhum dos presidenciáveis foi e só eu estou apanhando agora por não falar sobre a morte dela”, acrescentou o parlamentar.

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