Diante do anúncio do fechamento das fronteiras dos Estados Unidos para refugiados e imigrantes de sete países (Iêmen, Iraque, Irã, Líbia, Síria, Somália e Sudão), diversas empresas - a grande parte delas gigantes da tecnologia - se colocaram contra a decisão do presidente Donald Trump. A medida era uma das principais promessas de campanha do republicano, que também garante que erguerá um muro na fronteira do País com o México.
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Em texto publicado no Facebook, Mark Zuckerberg, um dos fundadores da empresa, afirmou que todos os esforços para manter a segurança nos Estados Unidos são válidos, mas que eles devem se concentrar em quem realmente representa ameaça. "Os Estados Unidos são uma nação de imigrantes e devemos nos orgulhar disso", escreveu, ressaltando que seus avós vieram da Alemanha, Áustria e Polônia e que os pais da sua esposa, Priscilla Chan, eram refugiados da China e do Vietnã.
Em comunicado aos funcionários da Apple, Tim Cook, CEO da companhia, disse que a decisão de Trump não é uma política apoiada pela empresa. Nas redes sociais, chama a atenção uma imagem de Steve Jobs que tem sido amplamente compartilhada com um texto que lembra que o criador da mega corporação norte-americana era filho de um refugiado sírio que chegou aos Estados Unidos na década de 1950, Abdulfattah John Jandali.
O Google também se manifestou. "Estamos preocupados com o impacto dessa medida e de qualquer outra proposta que possa impor restrições aos trabalhadores do Google e suas famílias, assim como criar barreiras para a vinda de grandes talentos para os Estados Unidos", afirmou a companhia, que pode ter cerca de 100 funcionários afetados diretamente com a medida.
A Corona, marca de cerveja, lançou um comercial em que critica o muro de Trump na fronteira com o México e exalta o orgulho latino. (Veja abaixo - em espanhol)
Ação
Algumas empresas, além de se colocarem contra a determinação de Trump, propuseram ações para auxiliar aqueles que, de alguma forma, sejam prejudicados por ela.
A Microsoft, por exemplo, prometeu dar apoio financeiro jurídico e moral a todos os funcionários estrangeiros que forem prejudicados pela medida. Brad Smith, líder da área de assuntos corporativos, externos e jurídicos da Microsoft, estima que 76 empregados podem ser afetados.
A rede de cafeterias Starbucks contratará 10 mil refugiados nos próximos cinco anos, segundo Howard Schultz, CEO da empresa. Apoiador de Hilary Clinton durante a campanha presidencial, Shultz afirmou ainda que apoiará agricultores cafeeiros no México e que vai garantir plano de saúde a trabalhadores se o Obamacare for modificado, conforme prometeu Donald Trump.
No último domingo (29), o LinkedIn anunciou a abertura do Welcome Talent nos estados Unidos, uma ferramenta para ajudar estrangeiros e refugiados que chegaram ao País a encontrar novos empregos ou estágios.
Brian Chesky, CEO da Airbnb, publicou no seu perfil do Facebook que a empresa vai ajudar residentes nos Estados Unidos que estiverem fora do País e forem impedidos de voltar. "Temos três milhões de casas à disposição. Alguma coisa podemos fazer", afirmou na publicação.
O bloqueio
O decreto do presidente Donald Trump passou a vigorar imediatamente após o seu anúncio. O bloqueio vale por 120 para todos os refugiados (se forem sírios o prazo é indeterminado). Cidadãos dos demais países da lista estão proibidos de entrar nos EUA por 90 dias. A ação é apontada pela Casa Branca como uma solução até que ajuste de segurança sejam implantados e concluídos no País.
A medida, no entanto, não foi bem recebida por muitos. Na madrugada do domingo, dezenas de manifestantes se reuniram no aeroporto de São Francisco. Sergey Brin, cofundador do Google, e Sam Altman, dono da Y Combinator, uma das principais encubadoras de startups do mundo, estiveram no ato. "Estou aqui porque sou um refugiado a mais", afirmou Brin, russo naturalizado.