A luta pelas medidas a favor do meio ambiente e contra o aquecimento global será prejudicada após a aprovação do primeiro projeto de orçamento do presidente americano, Donald Trump, que corta em quase um terço os fundos para a Agência de Proteção Ambiental (EPA).
No documento, apresentado nesta quinta-feira (16) ao Congresso, a Casa Branca busca reduzir o orçamento da EPA em 2,6 bilhões de dólares, dos 8,3 bilhões atuais. O projeto ainda deve ser aprovado por parlamentares antes de entrar em vigor.
Com a aprovação do projeto, aproximadamente 3.200 postos de trabalho da agência seriam eliminados.
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Esses cortes deixariam a agência com o orçamento mais baixo desde 1977, eliminando os fundos para as pesquisas sobre as mudanças climáticas, os programas de proteção ambiental dos estados, e projetos como a tentativa de recuperação dos Grandes Lagos e da baía de Chesapeake.
Assim, a execução do "Clean Power Plan" (Plano de energia limpa), decretado pelo ex-presidente Barack Obama para reduzir as emissões de gases de efeito estufa das usinas elétricas a carvão, desaparecerá juntamente com o seu orçamento de 100 milhões de dólares.
Trump também pretende eliminar as contribuições americanas a programas da ONU contra as mudanças climáticas, e pode também suprimir quatro programas da Nasa dedicados à ciência do clima, entre eles o do satélite Observatory-3, que tinha como objetivo controlar as emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Motor de pesquisa
O governo Trump também pretende eliminar um programa de 250 milhões de dólares dedicado à proteção de ecossistemas costeiros coordenado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).
Os cortes propostos para a EPA no projeto são consideravelmente maiores que os defendidos por membros republicanos no Congresso, ainda que muitos deles não concordem com as regulações da agência, por as considerarem obstáculos para a atividade econômica.
Para 2017, a comissão do Congresso responsável por definir o orçamento propôs destinar 8 bilhões de dólares para a EPA, reduzindo apenas 291 milhões de dólares do valor sugerido pelo ex-presidente Barack Obama.
A Casa Branca pretende reduzir, ainda, em 18% os investimentos reservados ao Instituto Nacional da Saúde (NIH), principal motor da pesquisa médica nos Estados Unidos.
"Corrupção e cinismo"
"Os Estados Unidos tem a responsabilidade moral de proteger as maiores vítimas das mudanças climáticas, e esse projeto de orçamento ignora isso", declarou Tina Johnson, diretora da ONG US Climate Action Network.
"Sabemos que o custo destinado à luta contra o aquecimento é apenas uma ínfima parte do orçamento federal americano, representando 0,04% dele entre os anos de 2010 a 2015", afirmou.
Para o Greenpeace, "o governo Trump considera claramente os grupos industriais como seu verdadeiro eleitorado, não o povo americano".
"Esse plano de gastos revela a corrupção, o cinismo e a falta de visão da Casa Branca", acrescentou o porta-voz da organização, Travis Nichols.