O opositor Leopoldo López, o mais emblemático dos políticos presos da Venezuela, foi colocado em prisão domiciliar neste sábado (8) em Caracas após três anos de prisão.
Veja os momentos-chave da crise na Venezuela:
> 2013: morte de Chávez e eleição de Maduro
O presidente Hugo Chávez, fundador da Revolução Bolivariana, morreu de câncer em 5 de março de 2013.
Maduro, que era seu vice-presidente e herdeiro político, venceu as eleições seguintes por uma estreita margem sobre o opositor Henrique Capriles.
> 2014: desabamento do petróleo
O preço do petróleo, que atingiu os 100 dólares o barril, começou a cair em 2014, até chegar aos 33 dólares em 2016 e 44 em 2017.
Essa queda cortou drasticamente as importações e fez disparar a escassez de alimentos, medicamentos e insumos para a indústria, em meio a um férreo controle de preços e de mudança.
Junto à deterioração econômica, a oposição radical liderada por Leopoldo López se voltou às ruas para exigir a renúncia de Maduro, em protestos que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio. Acusado de incitar a violência, López cumpre uma condenação de quase 14 anos de prisão.
> 2015: vitória opositora
Em meio à crise econômica, o chavismo sofreu em dezembro seu pior revés em 17 anos de governo, ao perder de forma arrasadora as eleições parlamentares.
Começa então uma severa crise institucional: o governo, com o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e outros poderes públicos acusados de servir ao chavismo, enfrentam o Parlamento controlado pela oposição.
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> 2016: referendo e diálogo fracassados
O TSJ reduziu os poderes legislativos da oposição ao declarar o Parlamento em desacato e anular todas as suas decisões.
A oposição tentou convocar um referendo para tirar Maduro do poder, mas, em outubro, o CNE suspendeu o processo, argumentando existência de fraude no recolhimento de assinaturas necessárias para sua realização e adiou para 2017 as eleições de governadores previstas para 2016.
A oposição convocou protestos em massa, mas a pressão baixou quando aceitou um diálogo com o governo, promovido pelo Vaticano, a um alto custo político. Em dezembro, os opositores pararam as negociações, acusando o governo de não cumprir com os acordos.
> 2017: volta às ruas
No final de março, o TSJ assumiu as funções do Parlamento e levantou a imunidade dos deputados, o que a oposição considerou um golpe de Estado.
Paralelamente, a Controladoria tirou os direitos de Capriles para exercer cargos públicos por 15 anos. Isso deixou de fora da disputa eleitoral os dois opositores com maior aceitação nas pesquisas, Capriles e López.
Depois de forte pressão internacional, as decisões do TSJ fueron anuladas parcialmente. Mas a oposição se lançou às ruas em abril para exigir a destituição dos juízes, a autonomia do Parlamento e eleições gerais.
O governo descarta uma antecipação das presidenciais, marcadas para dezembro de 2018. Os primeiros protestos deixaram cinco mortos e mais de 200 detidos.
Em 1º de maio, o primeiro mês de aniversário dos protestos, Maduro convoca uma Assembleia Constituinte, que a oposição considera uma "fraude" para permanecer no poder.
A convocatória provoca profundas fissuras no chavismo: a procuradora-geral Luisa Ortega lança uma batalha legal contra a Assembleia Constituinte, a ser eleita em 30 de julho, o que lhe valeu acusações de "traidora" e um julgamento no TSJ.
O TSJ nomeia a advogada chavista Katherine Haringhton como vice-procuradora, que iria substituir Ortega caso seja destituída.
Em 5 de julho, dia da independência, partidários do governo, armados com paus e canos, invadem violentamente o Parlamento e ferem sete deputados da oposição.
Em meio a essa tensão, Leopoldo López deixa esta manhã a penitenciária e é colocado em prisão domiciliar em sua casa em Caracas.