Setenta afegãos foram sequestrados na sexta-feira (21) em seu povoado, situado ao lado da principal auto-estrada do sul do país, e pelo menos sete deles foram executados, anunciou neste sábado (22) o chefe da polícia provincial de Kandahar, que acusou os talibãs.
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Cerca de 30 pessoas foram libertadas, mas pelo menos outras 30 continuam sob poder dos sequestradores, informou à AFP o general Abdul Raziq.
Ele informou que isso aconteceu ao longo da auto-estrada que une Kandahar, principal cidade do sul do país e capital da província de mesmo nome, com Tarin-Kot, a capital da província de Uruzgán, uma área convulsa patrulhada por insurgentes.
Nenhum grupo reivindicou a ação até o momento.
"Os talibãs sequestraram ontem 70 aldeães em suas casas ao lado da auto-estrada entre Kandahar e Tarin-Kot", declarou general Raziq. "Mataram sete deles. Seus corpos foram encontrados por (outros) vizinhos (da localidade) nesta manhã".
"Liberaram 30, mas mantêm ainda reféns, pelo menos 30", acrescentou o general.
A operação foi confirmada neste sábado por responsáveis da comissão independente de direitos humanos em Kandahar e Cabul, em uma declaração que condena o sequestro e a execução desses civis.
Não se sabe até agora o motivo do sequestro, mas esse tipo de ação costuma ter como alvo funcionários do governo afegão e forças de segurança.
Essa é a primeira vez que os talibãs vão diretamente a um povoado para sequestrar seus habitantes. Geralmente interceptam veículos na estrada e verificam a condição dos passageiros, especialmente se têm relação com o governo.
KUNDUZ
Em junho e julho de 2016, uma série de interceptações deram lugar ao sequestro de quase 200 pessoas, sobretudo na província de Kunduz (norte): a maioria delas foi libertada, mas mataram pelo menos doze pessoas, segundo a Polícia.
O último incidente deste tipo aconteceu no dia 12 de julho, quando as autoridades afegãs descobriram os corpos destroçados por tiros de sete passageiros de um ônibus sequestrado no oeste durante um ataque atribuído aos talibãs.
O Afeganistão ficou particularmente perigoso devido aos bloqueios inesperados dos talibãs e outros grupos armados para interceptar os veículos e verificar a identidade dos passageiros, que correm risco de assassinatos caso pertençam às forças de segurança afegãs.
Os civis estão cada vez mais envolvidos no conflito, intensificado desde o início da ofensiva de primavera dos talibãs, no final de abril, contra o governo de Cabul.
Várias províncias do norte e do sul são palco de combates, entre elas Helmand, onde 16 policiais afegãos morreram por engano na noite de sexta-feira após um bombardeio americano, quando estavam mobilizados e tinham acabado de expulsar talibãs de um povoado.