A legalização da maconha pode levar ao aumento do consumo, segundo um estudo francês apresentado nesta sexta-feira (5), que analisou os níveis de consumo em dois estados dos Estados Unidos e no Uruguai.
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O estudo Cannalex, do Instituto de altos estudos de segurança e justiça e do Observatório francês de drogas e toxicomania (OFDT), analisa as experiências de regulação em Washington e no Colorado, que foram os primeiros estados americanos a legalizar a maconha para uso recreativo, em 2012, assim como no Uruguai.
Processo de legalização
O Uruguai e os dois estados instauraram um processo de legalização da cannabis para uso recreativo e pessoal, autorizando, sob condições, a posse, produção e distribuição.
Assim como em vários estudos americanos sobre o tema, foi observado que a legalização "não estimulou o consumo" entre os mais jovens, "que permanece, porém, em um nível elevado".
"Observa-se, no entanto, um aumento do consumo de cannabis entre os adultos", particularmente entre os consumidores ocasionais e regulares de mais de 25 anos.
No Uruguai, que em julho se tornou o primeiro país a legalizar a maconha em nível nacional, "todos os índices de consumo aumentaram", inclusive entre os adolescentes, aponta o estudo.
Este fenômeno provoca novos problemas de saúde, como "um aumento importante de casos de hospitalização vinculados a supostas intoxicações por cannabis nos dois estados americanos".
Do ponto de vista econômico, tanto no Colorado como em Washington o faturamento da indústria da cannabis recreativa está em constante alta, chegando a um bilhão de dólares por ano em cada estado. O setor criou milhares de empregos.
As receitas fiscais vinculadas a estas medidas "são superiores ao montante dos impostos correspondentes ao tabaco", acrescenta.
A legalização não impede, porém, que perdurem os circuitos ilegais, segundo o estudo.
No Uruguai, isso acontece porque a produção lícita não satisfaz a demanda, e nos Estados Unidos devido à diferença de preço em relação ao mercado ilegal.
O estudo aponta, ainda, "uma nova forma de delinquência" alimentada pelo "tráfico em pequena e grande escala para os Estados fronteiriços" onde a erva ainda é proibida.
Mas, globalmente, "a legalização da cannabis permitiu reorientar a atividade das forças de segurança e da justiça, em um contexto em que as infrações por uso de cannabis representam mais da metade das detenções por infração à legislação sobre estupefacientes", ressalta.