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A justiça argentina ordenou o fim do foro privilegiado e a prisão da ex-presidente e senadora Cristina Kirchner (2007-2015) por supostamente acobertar iranianos acusados pelo atentado contra um centro judaico que matou 85 pessoas 1994, informou nesta quinta-feira à AFP uma fonte judicial.
A ordem inclui ainda a seu ex-chanceler, Héctor Timerman, e outros ex-funcionários de seu governo.
Cristina Kirchner é acusada de traição à pátria por ter assinado em 2012 um acordo com o Irã para que os iranianos acusados pelo atentado fossem interrogados em Teerã ou em um terceiro país.
A decisão foi ditada pelo juiz federal Carlos Bonadío, a quem Kirchner se apresentou em outubro, quando apresentou um texto escrito negando todas as acusações.
"Como acontece regularmente na Argentina a notícia vazou primeiro pela imprensa e Cristina ainda não foi notificada", disse à AFP uma pessoa próxima à ex-presidente.
Senado
Cristina Kirchner acaba de tomar posse como senadora, eleita nas eleições legislativas de outubro, e assumirá em 10 de dezembro.
Para que o pedido do juiz seja cumprido, ela deverá primeiro ser submetida a um processo de perda do foro privilegiado no Congresso. Para isso, é preciso que o governo do presidente Mauricio Macri inclua esse pedido em uma convocatória a sessões extraordinárias.
O pedido deverá ser tratado pelo Senado, precisando ser aprovado por dois terços dos presentes.
A partir de 10 de dezembro a aliança governista Cambiemos terá 25 cadeiras (de um total de 72), enquanto o peronismo terá 32. No entanto, apenas dez desses peronistas respondem diretamente a Kirchner.
O processo conduzido por Bonadío foi aberto em razão de uma denúncia do procurador Alberto Nisman apresentada quatro dias antes de ele morrer, em 18 de janeiro de 2015.
"É um grande disparate jurídico. O objetivo desta perseguição judicial é atemorizar os dirigentes da oposição no Parlamento. Querem um Parlamento submisso", disse a senadora na saída dos tribunais, quando se apresentou ao juiz.
Nesta quinta-feira, também foi preso em sua casa de Río Gallegos, na província austral de Santa Cruz, o ex-secretário da ex-presidente, Carlos Zannini, braço direito de Kirchner.
O magistrado Bonadío também acusou, sem prisão preventiva e com proibição de sair do país, ao ex-titular da Agência Federal de Inteligência, Oscar Parrilli e ao dirigente social kirchnerista Luis D'Elía, entre outros.
O atendado contra o centro judaico AMIA é o mais grave cometido na Argentina, e aconteceu dois anos depois de outro atentado, em 1992 contra, a embaixada de Israel em Buenos Aires.