O chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, considerou "absurdo", nesta sexta-feira (29), que o presidente catalão destituído, Carles Puigdemont, pretenda recuperar seu cargo e exercê-lo estando na Bélgica.
Se voltar para a Espanha, Puigdemont pode ser detido por pendências com a Justiça.
"É absurdo querer ser presidente de uma comunidade, vivendo no exterior, e muito mais absurdo ainda é querer exercer a Presidência de uma comunidade, estando no exterior", criticou Rajoy, em entrevista coletiva uma semana depois das eleições que renovaram a maioria absoluta separatista na Catalunha.
Nas eleições regionais de 21 de dezembro, os separatistas renovaram sua maioria absoluta no Parlamento catalão (70 cadeiras de 135). A lista de Puigdemont, que prometeu voltar a ser presidente, foi a mais votada dos três partidos nacionalistas.
A questão é que o Parlamento regional exige que o candidato a presidente defenda seu projeto em plenária, motivo pelo qual Puigdemont deveria voltar para a Espanha. No país, o Tribunal Supremo espera por ele para ser processado pelos crimes de sedição e rebelião.
Um porta-voz de seu partido não descartou a posse por videoconferência, o que implicaria uma mudança no regimento parlamentar. Enquanto isso, seus aliados começam a pensar em alternativas à sua Presidência.
Na coletiva de imprensa, Rajoy também aumentou a pressão sobre Puigdemont, estabelecendo para 17 de janeiro a constituição do novo Parlamento. A partir de então, os partidos têm dez dias úteis para propor um candidato a presidir a região.
Quem quer que seja escolhido, o líder conservador espanhol pediu que cumpra a lei e abandone o caminho da secessão.
"Não cabem mais apelos à ruptura, ou à ilegalidade, porque a lei não permitirá e porque tampouco podem alegar o apoio majoritário da sociedade", advertiu Rajoy, lembrando que apenas 47,5% dos eleitores catalães votaram nas opções separatistas.
Com maioria absoluta no Parlamento catalão desde setembro de 2015, os separatistas adotaram um plano de ruptura em relação ao restante da Espanha. Para isso, realizaram um referendo de autodeterminação proibido pela Justiça, em 1º de outubro, e declararam a separação no dia 27 desse mês.
No mesmo dia, o governo espanhol respondeu com a intervenção na autonomia regional. Destituiu o Executivo de Puigdemont e dissolveu o Parlamento para convocar as eleições de 21 de dezembro.
Dois dias depois, Puigdemont seguiu para a Bélgica com parte de seu governo, evitando a prisão preventiva por rebelião e sedição decretada contra o restante de seus colegas do Executivo. Dois deles continuam presos.