Mais de 300 pessoas foram detidas nas últimas 24 horas na capital da Tunísia, Túnis, onde novos distúrbios foram registrados entre manifestantes e policiais, no terceiro dia de protestos provocados por medidas de austeridade adotadas pelo governo.
Manifestações pacíficas e esporádicas haviam começado na semana passada contra o aumento dos preços e medidas de austeridade em vigor desde o dia 1º e que incluem um aumento dos impostos.
Os protestos degeneraram em distúrbios na segunda-feira à noite, especialmente em Túnis e Teburba, a oeste da capital.
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Na quarta-feira, 328 pessoas foram detidas por roubos, saques, incêndios criminosos ou bloqueio de estradas, segundo indicou à AFP o porta-voz do ministério do Interior, Khalifa Chibani, que assegura que a "intensidade dos distúrbios diminuiu em relação aos dias anteriores".
Na terça-feira, outras 237 pessoas já haviam sido presas.
Na madrugada de quarta-feira, em Siliana, no noroeste do país, jovens lançaram pedras e coquetéis molotov contra agentes de segurança e tentaram invadir um tribunal no centro desta cidade. A polícia reagiu com bombas de gás lacrimogêneo, constatou a AFP.
Em Kasserin, no centro desfavorecido do país, jovens de 20 anos tentaram bloquear estradas queimando pneus e atirando pedras contra a polícia, segundo o correspondente da AFP.
Dezenas de manifestantes ocuparam ainda as ruas em Teburba, 30 km a oeste da capital, onde na terça-feira foi enterrado o homem que morreu nos confrontos de segunda-feira. A polícia reagiu lançando bombas de gás lacrimogêneo.
De acordo com a imprensa local, também ocorreram confrontos em bairros nos subúrbios da capital.
Os distúrbios atuais acontecem em um contexto de reivindicações sociais contra as medidas de austeridade previstas pelo governo, principalmente a alta de um imposto, o IVA.
Sete anos após uma revolução que exigia trabalho e dignidade e derrubou o ditador Zine el Abidine Ben Ali, na semana passada explodiram manifestações em Túnis.
A Tunísia, único país que sobreviveu à Primavera Árabe, até o momento conseguiu avançar em sua transição democrática, apesar da estagnação econômica e social.
A inflação ultrapassou 6% no final de 2017, enquanto a dívida pública e o déficit comercial atingiram níveis preocupantes.
Os ativistas da campanha "Fech Nestannew" ("O que estamos esperando"), lançada no início do ano contra o aumento dos preços, convocaram uma manifestação em massa na sexta-feira.
O mês de janeiro é tradicionalmente marcado por protestos na Tunísia desde a revolução de 2011. O contexto é especialmente tenso este ano, em vista da celebração em maio das primeiras eleições municipais desde a Primavera Árabe.