A entrada do PSDB no governo Temer nunca foi consenso dentro do partido. Com a delação da JBS, o desgaste interno se intensificou, ficando ainda mais explícito após a votação da denúncia contra o presidente, quando praticamente metade dos parlamentares tucanos votaram pela sua aceitação (21 dos 47 deputados). Com visões diferentes do caminho que a legenda deve seguir daqui por diante, integrantes da sigla mostram que o futuro do partido junto ao governo federal é uma incógnita que, ao menos por enquanto, seguirá sem solução.
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Presidente interino do PSDB e apoiador do desembarque do partido do governo do PMDB, o senador Tasso Jereissati afirmou, na última quinta-feira (3), em Brasília, que a legenda não vai boicotar medidas propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB), mas que não precisa de cargos para agir assim. “Vamos continuar aprovando todos os projetos que são do interesse do País, como as reformas política, tributária e da Previdência. O que nós não precisamos é de cargos para fazer isso”, afirmou. O tucano permanecerá no cargo de Aécio Neves, presidente licenciado do partido, até a realização de uma nova convenção, o que deve ocorrer ainda este ano.
O posicionamento de Jereissati se alinha com o do deputado federal Betinho Gomes. De acordo com o parlamentar, não é necessário participar ativamente do governo Temer para apoiar o que considera uma agenda de recuperação econômica do País. “Acredito que ficaríamos mais à vontade se não estivéssemos atrelados a um governo que teve uma relação tão próxima com o PT. O ideal seria entregar os cargos, o que não quer dizer que iríamos para a oposição”, comentou Betinho.
'VOTO DE DESCONFIANÇA'
O deputado federal Daniel Coelho, por sua vez, acha que o PSDB não deveria sequer ter entrado no governo Temer e defende uma profunda reestruturação da sigla. “Não temos somente que sair do governo, temos que reconhecer nossos erros, fazer reflexões e resgatar nossas bandeiras históricas. Nosso ‘voto de desconfiança’ nesse governo foi dado ontem (quarta-feira, 2). Quem vota pela abertura de uma investigação contra um presidente demonstra que não confia na sua gestão”, cravou.
O pernambucano Bruno Araújo, ministro das Cidades de Temer, afirmou, por nota, que “não comenta questões partidárias”. Nesta semana, o ministro reassumiu seu mandato de deputado e votou a favor do presidente no Congresso. Na quinta, Araújo já havia reassumido a função no ministério.