A diarista Telma Lúcia da Silva, 51 anos, trocou a Paraíba por Pernambuco, há seis anos. Veio com o marido e quatro filhos ainda menores de idade. Ela estudou apenas até a 5ª série. No interior do Estado vizinho, a vida não era fácil. Largou a escola para trabalhar e ajudar os pais. Mas Telma queria que os filhos tivessem uma oportunidade melhor que ela. Foi por isso que sempre fez questão que eles estudassem. Quando chegou ao bairro de Caetés I, em Abreu e Lima, matriculou o mais velho na Escola de Referência do Ensino Médio Luiz Rodolfo de Araújo Júnior.
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Um dia o filho Yorhan Medeiros, hoje com 20 anos, chegou em casa comemorando a seleção no programa Ganhe o Mundo, da Secretaria de Educação. Passaria cinco meses estudando na Austrália. Uma oportunidade que os pais não podiam arcar. A mãe resistiu no início. "A diretora foi lá em casa me buscar para uma reunião. Meus filhos nunca dormiram uma noite fora de casa", conta. Agora ela reconhece que foi o melhor, não só para Yorhan. Em 2014, outro filho, Yurgymann, embarcou para o Canadá. No próximo mês, será a vez dos caçulas, os gêmeos Khrys e Harryson, de 16 anos, embarcarem para Austrália e Nova Zelândia, respectivamente.
"Foi uma experiência muito boa. Ajuda hoje na faculdade, que é preciso um certo nível de inglês, e também na minha comunicação, pois eu era muito tímido. Também pretendo fazer mestrado e o inglês ajuda muito", diz Yorhan, que está no 6º período de agronomia na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). "Pode ajudar quando eu entrar no mercado de trabalho", diz Khris.
O Ganhe o Mundo foi um dos programas implantados pela gestão do PSB no Estado que ajudaram a alavancar os dados na área de educação. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) chegou, em 2016, a registrar a maior nota do País: 3,9. Em 2005, quando o índice começou a ser medido, a nota foi 2,7.
Outra iniciativa que certamente ajudou no Ideb, e uma das marcas da gestão socialista, foi a ampliação da rede de escolas de tempo integral. No governo Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM) - na época, adversários do grupo liderado pelo PSB -, foram deixadas 13 instituições nesse modelo em funcionamento e outras sete a serem implantadas. Ao assumir, em 2007, Eduardo Campos colocou como meta levar pelo menos uma escola de referência a cada município.
Em 2008 já eram 51 unidades. Ano passado, o Estado tinha 300 unidades no modelo, presentes em todos os 184 municípios, incluindo Fernando de Noronha, atingindo 150 mil estudantes, segundo dados da Secretaria de Educação. "O grande êxito foi ter feito a escala com qualidade", avalia o ex-secretário de Educação de Jarbas Vasconcelos, Mozart Neves, atualmente diretor do Instituto Ayrton Senna.
Para ele, a grande dificuldade seria expandir a rede sem perder a qualidade do ensino. "O que mata muito as coisas no Brasil é descontinuar o que está sendo feito em um governo anterior. Ele (Eduardo) não só manteve, como fez a expansão", acrescenta.
No entanto, a universalização do ensino em tempo integral ainda é uma realidade distante, diz Mozart. "Um terço dos alunos do Ensino Médio de Pernambuco fazem curso à noite. Quase 70% desse universo são alunos trabalhadores e acima dos 17 anos. É ainda um ponto que o Estado precisa implantar. Ainda não há uma política de sucesso para o Ensino Médio, para compensar o ensino noturno, porque o desempenho é pior do que o aluno de tempo parcial diurno. A gente precisa vencer ainda esse desafio", analisa.
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A implantação do Pacto Pela Educação, programa que monitora os gargalos do setor no Estado desde 2011 é outra conquista da gestão PSB. Hoje, o Pacto contempla 861 escolas. Para Mozart Neves, o conjunto de iniciativas contribuiu para a melhoria do ensino. "A gestão que Eduardo imprimiu, com a cultura de cobrar resultados e as escolas de tempo integral, foram, ao meu ver, as ações de maior impacto", avalia.
CONTRAPONTO
Na conta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), no entanto, ainda falta um longo caminho para conquistar a tão esperada qualidade do ensino público. A excelência alcançada por algumas escolas de nível médio, por exemplo, não está presente em toda a rede. "Temos algumas poucas ilhas de excelência no Estado. Cerca de mil de escolas têm dificuldades com quadro de professores, com espaço pedagógico, com a estrutura física para professores e alunos. Algumas ilhas de excelência asseguram essas notas no Ideb", critica o presidente do Sintepe, Fernando Melo.
