A empresa Mônaco Cambio e Turismo, citada na delação do ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria, no processo que investiga o esquema de propina nas obras da Refinaria Abreu e Lima, está de portas fechadas. A reportagem do JC foi até o local, na Praça Joaquim Nabuco, bairro de Santo Antônio, no Recife, e encontrou a fachada retirada. A agência já não oferecia serviços de câmbio, e sim apenas de turismo desde o mês de junho de 2016.
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No telefone comercial da Mônaco Câmbio e Turismo agora atende a Agência Euro Travel, que possui outro CNPJ. Os sócios da Mônaco Câmbio e Turismo, aberta em 1994, eram Alexandre Interaminense Dias, Silvana de Souza Ferreira e Daniela Ferreira da Fonte. Já a Agência Euro Travel tem a mesma sociedade, mas sem a participação de Alexandre Dias.
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Delação premiada
Segundo delação do membro do Conselho Administrativo da Odebrecht Márcio Faria, Aldo Guedes, ex-presidente da Copergás e sócio de Eduardo Campos seria o interlocutor do ex-governador em negociações com a empreiteira, destravando projetos de seu interesse. Aldo teria solicitado o pagamento de R$ 90 milhões em propina a Márcio Faria, quantia que correspondia a 2% da obra da Refinaria Abreu e Lima. O mesmo valor teria sido pago pela empresa que fez a terraplenagem da refinaria ao grupo político do ex-governador. A contrapartida do governo seria o apoio na condução do contrato, principalmente em negociações com as forças sindicais, que representavam cerca de 50 mil trabalhadores.
Foi acordado que a Odebrecht e a OAS, integrante do consórcio que executava a obra da Refinaria Abreu e Lima, efetuariam o pagamento de R$ 15 milhões, sendo feito R$ 7,5 milhões cada, ao grupo político do ex-governador Eduardo Campos. De acordo com Márcio Faria, Humberto Mascarenhas o informou que foram feitas tentativas de enviar a propina vinda da Odebrecht para uma conta em Hong Kong, indicada por Aldo Guedes.
"Tempos depois, eu soube pelo Hilberto que foram feitas algumas tentativas de mandar esse dinheiro para uma conta na China, mais precisamente em Hong Kong. E não sei porque, esse dinheiro foi e voltou várias vezes. Não sei se era dado equivocado da conta ou alguma coisa, e não conseguiu fazer o depósito em Hong Kong. [As contas foram] indicadas pelo Aldo Guedes para o senhor Hilberto. Eu disse a ele: 'eu devo tanto, se acertem da melhor maneira", afirmou o delator Márcio Faria
A quantia teria retornado para conta de origem diversas vezes, por razões desconhecidas. Como alternativa, Aldo Guedes teria indicado a agência de Câmbio e Turismo Mônaco, localizada no centro do Recife e o pagamento foi realizado através dela. "O 'plano B' foi o seguinte: ele [Aldo Guedes] indicou uma agência de turismo e essa empresa viabilizou esse pagamento de alguma maneira. Nós estregamos os 'reais' para ele [Hilberto] e ele converteu da forma que achou mais conveniente e encaminhou ao senhor Aldo Guedes". Ao ser questionado se ele se recorda do nome ele responde "agência chamada Câmbio", contou.
26ª Fase da Lava Jato
Em março de 2016, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na agência Mônaco, dentro da 26ª fase da Operação Lava Jato, denominada Xepa. Na operação, foram cumpridos 110 mandados, sendo 67 de busca e apreensão, 28 de conduçao coercitiva, 11 de prisão temporária e quatro de prisão preventiva em Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal e Minas Gerais.
Procurados, os ex-sócios da empresa não foram encontrados.