Os principais sindicatos do Brasil convocaram para esta sexta-feira (28) uma greve geral e manifestações contra as medidas de austeridade impulsionadas pelo presidente Michel Temer, em um país que se debate contra a recessão e um desemprego recorde. O governo, confrontado com o escândalo de corrupção da Petrobras que atinge vários ministros e boa parte da base aliada, aposta em um rápido avanço das impopulares reformas trabalhista e da previdência.
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A greve ameaça paralisar os meios de transporte, incluindo os aeroportos. Várias companhias aéreas já propuseram a seus clientes que mudem gratuitamente seus voos previstos para sexta-feira. Em São Paulo, o prefeito João Dória anunciou um acordo com o aplicativo Uber e com uma companhia de táxis on-line para garantir o transporte de funcionários públicos que se recusarem a aderir à greve.
Segundo a imprensa brasileira, Temer declarou que os grevistas não receberão o pagamento referente ao dia, contrariando o que acontece quando se trata de paralisações legais.
Os sindicatos dos professores, dos servidores da saúde e dos Correios também anunciaram sua adesão ao movimento, assim como os dos metalúrgicos e dos bancários no setor privado. "Esquenta Greve geral: dia 28 para tudo!", aparece na página principal do site da Central Única dos Trabalhadores (CUT). "A mobilização é necessária para mostrar ao governo a força da classe trabalhadora, que não aceita a retirada de direitos", afirmou Paulo Pereira da Silva, mais conhecido como Paulinho da Força, presidente da central Força Sindical.
O dirigente, que também é deputado pelo partido Solidariedade, da base aliada de Temer, ameaça passar para a oposição caso as reformas sejam aprovadas sem modificações. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se juntou às críticas e pediu "aos cristãos e pessoas de boa vontade" que se mobilizem contra a reforma da previdência, que pretende aumentar o período de contribuição e a idade mínima para se aposentar para ter direito ao valor completo.
Reforma trabalhista
Temer substituiu em 2016 a presidente Dilma Rousseff, destituída pelo Congresso sob a acusação de maquiar as contas públicas. A taxa de popularidade do mandatário conservador é de apenas 10%. Os sindicatos intensificaram este ano a contestação, com dois dias de protestos, em 15 e 31 de março.
A reforma trabalhista já recebeu um aval parcial na quarta-feira (26) na Câmara dos Deputados e agora o Senado deverá examiná-la. Suas disposições dão mais poder aos acordos coletivos em detrimento da legislação e elimina a contribuição obrigatória aos sindicatos. A flexibilização do mercado trabalhista é vista como fundamental para reduzir o desemprego, que se encontra em um nível recorde de 13,2%.
O texto foi aprovado por 296 votos a favor e 177 contra, uma maioria menor do que a esperada pelas deserções de aliados e que seria insuficiente para modificar o regime de aposentadorias, por se tratar de uma reforma constitucional, que requer a adesão de 308 dos 513 deputados (três quintos das cadeiras).