entrevista

Nilton Mota: "A população é que vai julgar o governo de Paulo Câmara"

Secretário da Casa Civil de Pernambuco, Nilton Mota avalia, em entrevista ao JC, que o Executivo Estadual conseguiu trabalhar em cima de questões prioritárias do programa de governo de Paulo Câmara, diante da crise econômica que assolou o País

Mariana Araújo
Cadastrado por
Mariana Araújo
Publicado em 03/02/2018 às 15:21
Foto: Edmar Melo/Acervo JC Imagem
Secretário da Casa Civil de Pernambuco, Nilton Mota avalia, em entrevista ao JC, que o Executivo Estadual conseguiu trabalhar em cima de questões prioritárias do programa de governo de Paulo Câmara, diante da crise econômica que assolou o País - FOTO: Foto: Edmar Melo/Acervo JC Imagem
Leitura:

JORNAL DO COMMERCIO - O governo está ciente de que não conseguiu que foi prometido? Como se está trabalhando essa questão no ano em que o governador vai tentar a reeleição?

NILTON MOTA - Acho que o importante em um governante é trabalhar em cima de priorizar o que é necessário para aquele momento. O primeiro aspecto que a gente não tem como não associar é governar não só Pernambuco mas todos os Estados da Federação no momento que o Brasil atravessa a maior crise da sua história, em todos os sentidos. A gente nunca vivenciou isso. A gente quando tinha crise política, não tinha crise econômica. E quando tinha crise econômica, não tinha crise política. Não tem como governar elegendo as prioridades se não faz um planejamento. O programa de governo foi fruto de um planejamento feito em 2014, que tinha uma realidade completamente diferente do que estamos vivenciando. É preciso, a partir dessas alterações, adequar, visando os pilares do governador Paulo Câmara: o equilíbrio fiscal e atender a população que mais precisa dos seus serviços essenciais, a exemplo da saúde, da educação e da segurança. Além disso, outro pilar de Paulo Câmara foi a questão hídrica enquanto a gente vivenciou sete anos de estiagem. Tem, por exemplo, a barragem de Jucazinho, um investimento que foi feito há mais de 20 anos, e hoje está completamente seca, para atender 11 municípios. É você ter a necessidade de alterar o planejamento por conta de uma realidade completamente diferente do que foi planejado em 2014. É aquele velho discurso de fazer mais com menos. E dentro da priorização de saúde, educação e segurança, a gente chega com números importantes nesses três anos. O mais importante do que isso, é quando a gente vê o resultado. Quando a gente diz que a melhor educação do Brasil é de Pernambuco, são resultados que dão orgulho e animam para a gente fazer esse enfrentamento. O Estado investiu em 2017 27,5% da sua receita, quando a sua obrigação é 25%, é uma clareza da priorização para a gente alcançar o resultado. Quando a gente coloca a questão da saúde, que a obrigação é 12% da sua receita e no balanço de 2017 foi investido 16,4%, se somar isso, da educação, significa R$ 400 milhões a mais do que o Estado tem que gastar, vai para esse resultado de ser o melhor do Brasil. Quando a gente pega esse reflexo da saúde, isso reflete num resultado de R$ 808 milhões mais. O governo federal diminuiu um pouco as suas responsabilidades do repasse baseado num modelo que está posto aí. O importante é ver a realidade de 2014, a crise que nós vivenciamos, e o poder de capacidade de adequação de uma crise e você colher resultados positivos. Eu sei que é uma retórica a gente estar sempre comparando com outros Estados que não conseguiram, mas isso tem clareza da sitaução. Tem um discurso aí muito comparativo com o Ceará e a Bahia, Pernambuco vem desde 2015 num controle fiscal muito forte. O governador se antecipou a esse processo de 2015 e em janeiro de 2015 ele adotou uma política de redução de custeio de toda a máquina para priorizar o recurso que ele previa que ia ser difícil. Desde 2015 nós temos um espaço fiscal, uma operação de crédito de R$ 600 milhões para suprir essa deficiência desse paxcto federativo, que é concentrador do dinheiro público pelo governo federal. Até hoje essa operação não foi feita, diferente dos Estados do Ceará e da Bahia, que liberaram através de empréstimos mais de R$ 1 bilhão. Outra ação importante é a questão da prioridade da segurança. A segurança no Brasil de 2014, 2016 e 2017 é completamente diferente de 2014 em todos os aspectos. O nível econômico que gera desemprego, na questão das drogas - 60% a 70% dos crimes de assassinatos aqui em Pernambuco e no Brasil têm relação com a droga, que era uma realidade diferente da de 2014. A grande capacidade de um gestor é fazer uma readaptação num momento que o Brasil atravessa. A gente tem a questão da segurança pública. Está claro o investimento, a população já está sentindo isso, por conta dessa realidade que vive também. Não tem como a gente pegar que Pernambuco é uma ilha e o Brasil está em outro momento. Isso não existe. Houve a decisão de priorizar a segurança e fazer um grande investimento que a gente está fazendo aí. Nunca houve uma contratação de policiais tão impactante em outros governos do que no governo de Paulo Câmara. Na educação, contratando professores, na saúde, teve uma grande quantidade de contratações. A gente está fazendo contratação, que implica em aumento de folha, enquanto outros Estados estão com problema de quitar as suas folhas sem fazer esse incremento. São políticas dessa forma que a gente tem que ter esse olhar de adaptação e o processo. Você acha que o programa de governo de 2014, se a gente for sentar hoje e fazer um novo programa de governo, ele seria o mesmo? Não poderia ser, tem a realidade.

JC - O governo considera hoje que foi apresentado um plano ousado, já em 2014?

NILTON - Não foi um plano ousado, foi um plano adequado àquela realidade. O mais importante que eu acho que é do ponto de vista qualitativo de outro momento. Será que dá para comparar a nossa vida real de 2014 com de hoje? Esse impacto é muito forte. Imaginar que 33 mil pernambucanos perderam seus planos de saúde para ir para a saúde pública, qual o impacto disso? O Estado vai ficar inerte para cumprir o plano de governo ou vai aumentar o investimento na saúde? A questão da educação está clara, a quantidade de alunos que saíram das escolas particulares e foram para as escolas de tempo integral, é um absurdo. O grande diferencial, o grande desafio, é fazer uma adequação num momento adverso e manter o Estado em pé. A gente vê que esse processo eleitoral foi antecipado. Tem um conjunto de pessoas aí querendo buscar a pauta política, quando o foco da responsabilidade do governador Paulo Câmara, pelo o seu perfil, é no momento de trabalhar. Nós temos um conjunto político de partidos, de prefeitos, uma base sólida na Assembleia e na Câmara Federal. Vai chegar o momento político e o foco, evidente, de todo governante, tem que ter a questão administrativa e a questão política. Tem o tempo do peso. O peso hoje é o peso administrativo. Logicamente que também estamos fazendo a questão política. Mas a eleição mesmo que muita gente quer antecipar, a população, sinceramente, acho que não está muito preocupada com isso. A gente não vê muito o pessoal da oposição tratando de assuntos importantes. Qual a informação que se vê desse conjunto de oposição falou sobre essa operação de crédito para ajudar Pernambuco? Pessoas que tiveram destaque no governo federal, ministros, que estão na oposição, nunca trataram dessa operação de crédito. Qual foi o momento que a gente viu uma discussão, uma entrevista, para tratar da questão hídrica? Da adutora do Agreste? A gente não vê.

JC - Segurança é um dos principais calos do governo e educação a principal vitrine. Como o governo pretende tratar politicamente isso, nesse ano de eleição?

NILTON - O que nós estamos, do ponto de vista de tratar segurança e educação do ponto de vista político, eu acho que isso não é o objetivo nosso. O objetivo nosso é atender a população em pontos importantes como saúde, educação e segurança. A população é que vai julgar o que foi feito. Se atendeu a expectativa, nós não vamos usar isso como ferramentas políticas para tratar do processo eleitoral. Nós vamos chegar na frente e dar um balanço do que foi feito. Dar um diagnóstico do que foi lá trás e o que foi feito hoje. E o que mudou a vida das pessoas. Acho que é isso o que tem ser feito. A segurança, eu acho, que estamos no caminho certo. O governador evoluiu e não está fácil. Temos que considerar que muitos Estados estão com dificuldade na segurança. Não estamos torcendo quanto pior, melhor. Mas a comparação é importante. O estado do Piauí, por exemplo, deflagrou um processo de questões salariais da Polícia de lá. São problemas que foram também suplantados ao longos destes três anos e que tiveram um custo significativo. Governar é elencar prioridades de acordo com a necessidade naquele determinado tempo. Eu acho que o governador Paulo Câmara, com esses dois pilares de atentar a população do ponto de vista das necessidades sociais mais importantes, acho que tem feito com muita maestria diante do quadro. Não tem como comparar. Não tem como separar uma coisa da outra e fazer uma análise fria de números baseado num pedaço de papel.

2018

JC - Como o governo pretende tratar esse balanço fiscal de 2017? Ele apresentou um déficit acima do programado. E a questão da LRF que está próximo ao limite prudencial.

NILTON – Tudo o que foi feito, todo esse resultado tinha um planejamento. Quando o limite foi pra 48,9%, que ainda está abaixo do nível dos 49%, nós contratamos mais de 10 mil profissionais de saúde, educação e segurança. Quem está preocupado o número chegar em 49%, não está preocupado com policial na rua, não está preocupado em aumentar o quantitativo de professores. Tudo isso está programado. Quando a gente tem o déficit de primário de R$ 292 milhões, porque nós decidimos investir R$ 1,259 bilhão em acima da educação e acima da segurança. É elencar prioridades. Está tudo programado. temos reuniões permanentes com a equipe de controle fiscal. Se a gente quer oferecer um serviço de qualidade para a população, temos que ter um planejamento que chegue no nosso limite. O Estado está em equilíbrio fiscal. Nós pagamos o 13º em dia, estamos pagando os salários em dia. Agora iremos antecipar as folhas de pagamento. A folha de janeiro será paga esta semana.

JC - Tem algum ponto que o governo lamenta mais não ter conseguido fazer por conta desse cenário de crise?

Nilton - Do ponto de vista global, eu não visualizo pontualmente uma questão.

JC - O governador sempre fala da questão hídrica.

NILTON – O Estado, do ponto de vista do planejamento hídrico, elencou lá atrás que a obra da retenção de 62 municípios, que é mais de um terço do Estado, seria a adutora do Agreste. Para isso o governo federal precisaria fazer o ramal do Agreste. Ele não fez. Então o Estado teve a capacidade de remodelar o projeto para dar sequência à Adutora. A obra atrasou. O que o Estado fez do ponto de vista de planejamento? De uma forma inusitada, nós construímos alternativas de levar água da Zona da Mata para o Agreste. Do ponto de vista econômico, nós geramos mais empregos que todos os Estados do Brasil. Não podemos tratar, que é o que a oposição está querendo, isso é um movimento. A gente tem que fazer o histórico, ver de onde vem isso, ver as consequências, ver onde chegamos, ver onde outros Estados estão também para fazer um tipo de análise que possa fazer uma avaliação.

Últimas notícias