O governador Paulo Câmara (PSB) ingressou no seu quarto ano de mandato com o desafio de concluir um ousado plano de governo apresentado na campanha de 2014. Eleito com 68,08% dos votos no pleito daquele ano, o socialista conseguiu tirar poucas obras do papel. O plano de governo é um documento com 58 páginas e está dividido em quatro eixos: Qualidade de vida, Desenvolvimento sustentável, Desenvolvimento social e direitos humanos e Gestão participativa e transformadora. A maior parte das propostas relativas a obras está concentrada no primeiro eixo, voltado para a qualidade de vida.
O JC encaminhou para o governo do Estado 43 questionamentos sobre o plano de governo do socialista (parte delas presentes na arte ao lado). Desde que assumiu o governo, em 2015, Paulo Câmara caminhou ao lado de uma das maiores crises econômicas e políticas que o Brasil ainda atravessa. A alta da inflação, aumento do desemprego e redução dos investimentos atingiram em cheio a sua gestão, como também boa parte das administrações estaduais e municipais pelo País. É com base nessa crise que o socialista justifica o investimento aquém do esperado.
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E, na semana passada, o governo divulgou o balanço fiscal do ano de 2017. Os dados não foram animadores. As contas fecharam com um déficit de R$ 292,2 milhões, acima do valor projetado (R$ 255,9 milhões). Embora a receita tenha crescido 6,9%, alavancada principalmente pelo incremento de 4% no ICMS (uma das principais fontes arrecadadoras do Estado), Paulo Câmara viu sua despesa com folha de pessoal escapar por pouco do limite prudencial. O gasto com pagamentos de servidores alcançou 47,09%, apenas 0,03% abaixo do permitido na legislação. Esse percentual foi o resultado da contratação aproximadamente 10 mil novos servidores. Também houve uma queda de 3,3% no repasse do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
“O governo fez uma escolha. A opção era investir o limite de educação, que é de 25% e o Estado investiu 28,6%. O limite mínimo para investimento na saúde é 12% e o governo investiu 18,4%. Só nessas duas rubricas, foi R$ 1,2 milhão. Poderia não ter investido mais do que o limite e não ter tido o déficit, mas precisou garantir as UPAs, garantir os hospitais, garantir o investimento nas escolas de tempo integral e escolas técnicas. Não tem problema fiscal, foi uma opção política feita”, defendeu o líder do governo na Alepe, Isaltino Nascimento (PSB).
PROPOSTAS
No primeiro eixo do programa estão promessas como a duplicação do salário dos professores, a construção de cinco hospitais, a implantação do Pacto Pela Vida Municipal, construção de 20 Compaz, contratação de 8,5 mil profissionais de segurança, ampliação das vagas do sistema prisional e socioeducativo, implantação da Adutora do Agreste, construção de barragens, implantação de corredor exclusivo de BRT ou VLT na Avenida Norte, implantação do bilhete único com tarifa única de transporte na RMR e construção de 20 mil novas unidades habitacionais.
Referente ao desenvolvimento sustentável, havia a proposta de criação de linhas de estudos na Facepe, a articulação da implantação do Arco Metropolitano, requalificar a BR 232 entre Recife e São Caetano e duplicação entre São Caetano e Arcoverde. No terceiro eixo, de Desenvolvimento social e direitos humanos, há propostas como a Fundo Estadual de Políticas para as Mulheres e a implantação de um escritório de projetos e compartilhar suas atividades com os municípios.
OPOSIÇÃO
No final de 2017, a bancada de oposição ao governador lançou um documento com o balanço dos 3 anos de governo de Paulo Câmara. O documento aponta o crescimento da violência como um dos principais problemas enfrentados pelos socialistas, além da falta de investimentos, o que, segundo os parlamentares, transformou Pernambuco “num imenso canteiro de obras paradas”. O balanço analisa o andamento de 60 obras e ações que, segundo a oposição, constam como não iniciadas, paralisadas ou inacabadas.
Em dezembro, Paulo Câmara afirmou ao JC que priorizou o que era mais importante e fundamental ao longo dos três primeiros anos de governo. “Há questões que foram colocadas na campanha que infelizmente não puderam ser feitas, mas que são importantes para Pernambuco”, admitiu o governador. “Acho que o plano de investimentos de Pernambuco poderia ter avançado mais, se tivéssemos recursos, mas a crise foi muito perversa. (...) Isso é frustração que envolve dia a dia, principalmente nessa área que é o presente das pessoas, segurança e saúde, mas o que é fundamental é que a gente não se descuidou do futuro. A educação é a agenda do futuro”, acrescentou o socialista, usando como exemplo a área que mais teve avanços no seu governo.