Pernambuco

Saída de Jungmann da política aproxima PPS da oposição no estado

Possibilidade do PPS desembarcar da base do governador Paulo Câmara (PSB) já havia sido ventilada, principalmente diante da aliança entre PSB e PT

Luisa Farias
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Luisa Farias
Publicado em 28/02/2018 às 10:39
Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil
Possibilidade do PPS desembarcar da base do governador Paulo Câmara (PSB) já havia sido ventilada, principalmente diante da aliança entre PSB e PT - FOTO: Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil
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A notícia da saída de Raul Jungmann (PPS) da carreira política pegou os integrantes do PPS de Pernambuco de surpresa, que cogitavam seu nome até para disputar o Senado. Antes do anúncio da posse ao Ministério Extraordinário da Segurança Pública, sua candidatura de deputado federal era tida como certa. “Não houve nenhuma conversa dele direto conosco. Eu estou aguardando baixar a poeira para ter uma conversa com ele e saber o que isso significa realmente”, disse o presidente do PPS-PE, Manoel Carlos.

Durante cerimônia de posse do Ministério da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS) anunciou o fim de sua carreira político-partidária. “Quero dizer que ao aceitar este cargo abro mão de uma das coisas mais caras da minha vida: a minha carreira política. Eu encerro a minha carreira política para me dedicar integralmente a essa luta”, afirmou. Ele informou que encaminharia uma solicitação de suspensão das suas atribuições partidárias ao presidente do PPS, Roberto Freire.

As atenções se voltam ao impacto para a Frente Popular. A possibilidade do PPS desembarcar da base do governador Paulo Câmara (PSB) já havia sido ventilada, principalmente diante da aliança entre PSB e PT. O PPS teve forte atuação no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT). A aproximação entre socialistas e petistas, fruto da guinada de centro- esquerda que o PSB está dando, traz dificuldades à permanência do PPS na coligação. “É possível. Até porque o governo do PSB se aproximou de um grupo político que nós derrotamos no impeachment, inclusive com o apoio deles”, afirmou o presidente nacional do PPS, Roberto Freire. Ele pondera, contudo, que a decisão cabe ao diretório estadual. 

O PPS de Pernambuco tinha congresso estadual marcado para o próximo sábado para liberar sobre as eleições. Manoel Carlos disse que consultaria a Executiva Nacional sobre a manutenção ou não do evento. “Mesmo ele deixando (carreira política), isso não quer dizer que a gente vai sair da base. Depende muito da batida de martelo do diretório estadual após a discussão”, conta o presidente do PPS em Recife, Felipe Ferreira Lima.

Raul é considerado como a maior liderança do partido no estado e aliado de primeira hora do governador Paulo Câmara (PSB). Na última sexta-feira (23), o governador criticou a atuação de Temer com relação à segurança, que tem como principal protagonista o próprio Jungmann, e afirmou que o governo federal tratava o tema de maneira improvisada. Com a indefinição sobre o comando do MDB, a Frente Popular tem o perigo de perder o aliado com a segunda maior bancada, o que significaria perda de tempo de TV e recursos do fundo partidário. 

A eventual ida do PPS para oposição dá espaço para a filiação do deputado federal Daniel Coelho (PSDB), que nas eleições para a Prefeitura do Recife em 2012 teve como vice na sua chapa a ex-presidente estadual do PPS, Débora Albuquerque. Daniel enfrenta divergências internas dentro do partido, tanto por sua posição forte no âmbito nacional contra a gestão do presidente Michel Temer (MDB), como no diretório estadual depois que teve o seu nome vetado para o cargo de tesoureiro pelo deputado federal e presidente do PSDB-PE, Bruno Araújo (PSDB).

PSB

O presidente do PSB-PE, Sileno Guedes, afirmou que entenderá se o PPS vir a ter alguma dificuldade em manter a aliança, principalmente por conta das alianças nacionais. “A gente está em processo de conversa com todos os partidos, inclusive com o PT, e vai compreender caso outros partidos tenha essa dificuldade. A discussão está focada em Pernambuco nesse momento. Para nós, é importante ter o PPS nesse projeto liderado pelo PSB. A gente vai buscar o entendimento, mesmo que haja uma dificuldade nacional. vamos fazer esforço para manter a aliança e particularmente o PPS, que é importante para nós", disse.

Para o deputado Tadeu Alencar, vice-presidente do PSB-PE, o fato de Raul Jungmann ter assumido o novo ministério e ter anunciado que abdicaria da sua vida política não encerra o relacionamento com o PPS em Pernambuco. O parlamentar afirmou que não tem conhecimento por parte dos dirigentes do PPS da possibilidade de quebra da aliança. "Não vejo como isso pode ocorrer. Não é por conta do ministério. Isso não seria o motivo de continuar ou não na Frente Popular. Se o partido resolver caminha por outra direção, não será por isso", declarou.

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