E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo somos esclarecidos que o homem de bem é aquele que cumpre a Lei Divina agindo com justiça, amor e caridade

OSGLAY IZÍDIO DA SILVA
A exortação de Paulo aos Romanos (12:2) ecoa como um convite perene à renovação. Inspirado pelo Cristo, o apóstolo não sugere rebeldia ou violência, mas uma mudança interior que transcenda as ilusões transitórias do mundo. Essa transformação é central, tanto no Evangelho quanto na filosofia espírita, que unem esforços para nos guiar rumo à iluminação.
Na obra ‘Há Dois Mil Anos’, ditada pelo Espírito Emmanuel e psicografada por Chico Xavier, encontramos a narrativa do encontro marcante entre o Cristo e o então senador romano Públio Lentulus, um Espírito arrependido, que encontra na palavra do Mestre, um ponto de referência para sua regeneração: “– Depois de longos anos de desvio do bom caminho, pelo sendal dos erros clamorosos, encontras, hoje, um ponto de referência para a regeneração de toda a tua vida. Está, porém, no teu querer o aproveitá-lo agora, ou daqui a alguns milênios…”.
A transformação, como podemos perceber, depende de decisão individual, podendo ser feita agora ou relegada a milênios. Essa escolha é o início de nossa jornada espiritual.
É o mesmo Emmanuel, novamente pela psicografia de Chico Xavier, no livro ‘Palavras de Vida Eterna’, nos lembrando que renovar-se implica elevar o padrão vibratório das emoções e pensamentos. Não cabe impor condutas aos outros, mas oferecer o exemplo de uma vida iluminada pelo amor. É na prática silenciosa e perseverante do bem que a sementeira do Evangelho floresce em almas ao nosso redor.
O exemplo de Joana, que levava para Cusa seu esposo e homem dividido entre os deveres como alto funcionário de Herodes e o chamado de sua companheira para a mensagem de Jesus, na narrativa em Boa Nova (Emmanuel e Chico Xavier), ilustra a paciência e a fidelidade ao Evangelho, mesmo diante de incompreensões.
Jesus ensina a Joana que Deus não impõe sua verdade, mas transforma corações pela luz do esclarecimento, no momento oportuno. O Mestre nos esclarece: “— Quem sentirá mais dificuldade em estender as mãos fraternas, será o que atingiu as margens seguras do conhecimento com o Pai, ou aquele que ainda se debate entre as ondas da ignorância ou da desolação, da inconstância ou da indolência do espírito? [...] — A sabedoria celeste não extermina as paixões: transforma-as”.
Deixando claro que cabe a cada um de nós oferecer compreensão e caridade aos que ainda caminham nas trevas da ignorância. Em ‘O EvaSegundo o Espiritismo’, obra da Codificação Espírita, somos esclarecidos que o homem de bem é aquele ngelho que cumpre a Lei Divina em sua pureza, agindo com justiça, amor e caridade. Para alcançar esse estado, é essencial a autoanálise diária, como bem nos recomenda Santo Agostinho, convidando cada um de nós a conhecer-se, identificar falhas e buscar corrigi-las como passos indispensáveis na senda da perfeição (O Livro dos Espíritos).
A espiritualidade superior nos esclarece, ainda, que o progresso humano se dá pela harmonia entre moralidade e intelecto, ambos indispensáveis para nossa ascensão espiritual. Contudo, o aprimoramento moral prevalece, pois é ele que enobrece e guia o uso das capacidades intelectuais em direção ao bem comum. Cada alma traz em si o germe divino de todas as virtudes, mas é preciso esforço para fazê-las desabrochar.
O futuro vislumbrado pelo Espírito Emmanuel é de um mundo regenerado, onde as armas serão transformadas em instrumentos de cultivo da terra e a justiça cederá lugar ao amor. Nesse cenário, cada coração será um tabernáculo de luz divina, e a prece será um hino de fraternidade e gratidão.
Que a mensagem do Cristo nos inspire a clarear a alma, renovar atitudes e irradiar, pelo exemplo, a luz que transforma o mundo.
Osglay Izídio da Silva
Diretor do Departamento de Comunicação Social Espírita (DECOM) da Federação Espírita Pernambucana (FEP)